O preço do café arábica seguiu em forte alta nesta sexta-feira (7), impulsionado por condições climáticas adversas e problemas logísticos que afetam o mercado global. O robusta, por outro lado, registrou queda de 1,22% na sessão, mas nos próximos meses, os preços podem chegar a preços recordes.
Segundo a análise de Guto Gioielli, fundador do Portal das Commodities, o setor de commodities agrícolas permanece atento a uma possível tarifa que Donald Trump pode impor sobre o café de países da América Latina, o que poderia aumentar ainda mais os custos do produto. Confira a análise completa abaixo:
Oferta restrita e demanda aquecida para o café
Segundo Gioielli, os fundamentos do mercado seguem indicando para uma alta. A produção brasileira de café deve permanecer fraca devido a condições climáticas desfavoráveis, como secas prolongadas e geadas severas nos últimos anos. Outros países produtores também enfrentam desafios, como a Colômbia, que teve uma safra irregular, e o Vietnã, onde a colheita do robusta foi prejudicada.
A demanda, por outro lado, continua forte. As exportações de café cresceram 10% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo com preços elevados, o consumo segue firme, uma vez que o café é um produto de demanda inelástica.
Caso Trump realmente imponha tarifas ao café latino-americano, os grãos que normalmente seriam depositados na Bolsa de Nova York (ICE) teriam que ser redirecionados para Antuérpia, na Bélgica, encarecendo ainda mais os custos.
Histórico e perspectivas para os preços
Atualmente, o café arábica está próximo de um patamar histórico, testando a resistência de US$ 515, com potencial de avançar até US$ 1.000, como ocorreu em 2011.
De acordo com Guto, a análise gráfica indica que a próxima barreira significativa está na faixa de US$ 514 a US$ 520. Caso o preço não encontre resistência, pode continuar sua trajetória de alta sustentada pela oferta restrita e pela forte demanda global.
Soja em milho em queda por condições climáticas
O mercado de grãos segue atento às projeções climáticas e relatórios de produção, influenciando as cotações da soja e do milho. Nesta sexta-feira, as duas commodities operaram em queda, devido às chuvas na Argentina.
No Brasil, o cenário segue desafiador, com perdas significativas registradas no Rio Grande do Sul, especialmente nas áreas de Santa Rosa e Juí, onde lavouras tiveram perdas de até 100%.