Por Renato Moredo Ormeni*
Construir riqueza de forma sustentável exige mais do que simplesmente buscar rentabilidade. Entre as estratégias mais eficazes para isso está a prática do aporte constante de capital, em especial na fase de acumulação. Essa abordagem disciplinada vai além das flutuações de mercado e visa o crescimento contínuo ao longo do tempo, independente do cenário econômico.
O principal benefício do aporte constante é o uso do tempo a favor do investidor. Com contribuições regulares, o efeito dos juros compostos é potencializado, promovendo um crescimento exponencial do capital. Esse efeito não é imediato, mas se torna cada vez mais significativo conforme o tempo passa, o que torna o método ainda mais vantajoso para aqueles que têm paciência e visão de longo prazo.
Além disso, os aportes regulares oferecem uma proteção contra as incertezas do mercado. Em vez de concentrar investimentos em momentos específicos, o investidor diversifica as alocações, diluindo os impactos das oscilações e promovendo uma trajetória mais estável. Isso reduz a exposição ao risco de flutuações repentinas, tornando o portfólio mais resistente.
Outra vantagem significativa é o desenvolvimento de uma disciplina financeira sólida. Ao comprometer-se a fazer aportes de forma regular, o investidor cria um hábito de poupança e planejamento, fundamental para a formação de um patrimônio robusto e para a inserção de uma abordagem preventiva em outros aspectos da vida. Esse tipo de cultura financeira é essencial para o sucesso a longo prazo, pois reforça a consistência nas decisões, sejam elas de investimentos ou não.
Embora a rentabilidade seja importante, ela não deve ser o único foco. A prática de aportes constantes demonstra que a taxa de poupança tem um papel crucial no crescimento patrimonial. Um exemplo claro envolve a comparação de dois cenários distintos.
Supondo que existam dois patrimônios iniciais de R$ 100.000,00. No primeiro caso, o Patrimônio A, esse valor inicial cresce ao longo do tempo apenas com a rentabilidade dos investimentos, ou seja, sem qualquer aporte adicional. No segundo caso, o Patrimônio B, além do valor inicial de R$ 100.000,00, recebe um aporte anual de R$ 13.000,00.
Durante um período de 20 anos, o Patrimônio A, que não conta com aportes, precisa de um retorno anual 20% maior do que o Patrimônio B para alcançar o mesmo valor final. Em outras palavras, o Patrimônio A, sem aportes, teria que ter um desempenho excepcional para alcançar o mesmo total que o Patrimônio B, que está recebendo contribuições regulares. Esse retorno superior não é simples de atingir de forma consistente, e, ao tentar buscar tais retornos, o investidor pode acabar assumindo riscos desnecessários e prejudiciais à carteira.
Sendo assim, aportes constantes oferecem um crescimento mais previsível. Mesmo com um retorno de mercado médio, o Patrimônio B cresce de maneira muito mais robusta e acelerada devido à combinação dos juros compostos e das contribuições anuais. Além disso, o efeito dos aportes regulares ao longo do tempo cria uma base mais sólida.
Essa prática oferece um crescimento acelerado por meio do combate às flutuações do mercado. Ao manter o foco nesse processo disciplinado, o investidor constrói uma trajetória coerente para o futuro. Com paciência e disciplina, é possível construir uma trajetória financeira bem-sucedida, sem depender das variações de mercado.
*Renato Moredo Ormeni é CEA, Financial Advisor e Consultor CVM na MZM Wealth, com uma trajetória sólida no mercado financeiro. Com foco na orientação personalizada de investimentos, ele atua tanto no mercado de valores mobiliários quanto em investimentos alternativos, sempre prezando pela gestão de riscos e pelo alinhamento com os objetivos específicos de cada cliente. Sua experiência abrange diversas estratégias de investimento, incluindo renda fixa, renda variável, derivativos, fundos de investimento, internacionalização do patrimônio, ativos imobiliários, agronegócio e Venture Capital.