Os ataques cibernéticos ocorridos no Brasil no último ano causaram prejuízos para a economia que, se somados, chegam a R$ 2,3 trilhões — o equivalente a 18% do PIB nacional —, conforme pesquisa do Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime (INCC). O custo médio por violação de dados chega a R$ 15,42 milhões, afetando diretamente a geração de empregos e a renda.
Segundo o estudo, ao qual o Monitor do Mercado teve acesso, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) estão mais vulneráveis, por suas limitações financeiras e tecnológicas na adoção de soluções de segurança digital.
Impactos econômicos dos ataques cibernéticos
O estudo do INCC aponta que cada violação de dados resulta na perda de, em média, 74 empregos e gera um impacto de R$ 26 milhões em massa salarial. No caso das PMEs, as perdas chegam a pouco mais de R$ 2 milhões, eliminando 34 postos de trabalho por ataque.
No acumulado, os impactos nas PMEs somam um prejuízo de R$ 1 trilhão, representando 8% do PIB do setor e a perda de 1,2 milhão de empregos. Existe ainda uma projeção de que o efeito cumulativo dessas violações de dados possa aumentar a perda econômica para 8,48% do PIB das PMEs nos próximos cinco anos.
Falta de recursos é desafio para PMEs
Segundo a 3ª Pesquisa Tempest de Cibersegurança, realizada pelo Datafolha, 81% das PMEs contam com apenas dois profissionais dedicados à segurança digital. Em contraste, empresas do setor financeiro possuem estruturas mais robustas para combater ameaças cibernéticas.
A falta de recursos também é um desafio: 65% das empresas relatam dificuldades financeiras para investir em segurança digital. No entanto, 69% das organizações ampliaram seus orçamentos para cibersegurança em 2022, sinalizando uma tendência de maior preocupação com os impactos dos ataques.
Investimento em cibersegurança pode reverter perdas
O INCC destaca que investir em cibersegurança pode mitigar esses impactos. Segundo o estudo, cada R$ 1,00 investido na área — levando em conta as perdas que serão evitadas — gera R$ 1,57 em produção econômica, cria 11,3 empregos diretos e indiretos e adiciona R$ 0,85 à renda dos trabalhadores.
Um aumento de 10% nos investimentos em segurança digital poderia adicionar R$ 119,7 bilhões à economia em cinco anos, representando um acréscimo de 1% no PIB.
Apesar disso, o Brasil ainda investe apenas 7% do que os Estados Unidos destinam para a área. Enquanto os EUA aplicam 0,21% do PIB em cibersegurança, o Brasil investe 0,17%.
Capacitação como ferramenta contra ataques cibernéticos
Em debate no Fórum Empresarial LGPD, Cibersegurança e Governança de IA, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) na última terça-feira (11), Ana Paula Bialer, representante da Brasscom — Associação de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tenologias Digitais— ressaltou que, segundo um estudo recente da IBM, além da ausência de recursos, a falta de treinamento em segurança da informação também traz impactos nocivos às PMEs.
Segundo Bialer, 80% dos incidentes de segurança poderiam ser evitados por meio de treinamento. Ela também ressalta a capacitação e a conscientização como as ferramentas mais eficazes na prevenção de incidentes de segurança.