O dólar à vista fechou esta sexta-feira (14) em forte queda de 1,26%, a R$ 5,69 — menor valor desde 7 de novembro de 2024. O movimento acompanhou o enfraquecimento global da moeda americana após dados fracos da economia dos Estados Unidos.
No Brasil, o movimento se intensificou com a divulgação da pesquisa Datafolha, que apontou piora na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O real liderou os ganhos entre as moedas emergentes, superando até mesmo o dólar neozelandês, que também se valorizou diante da fraqueza da divisa americana.
Na semana, o dólar acumulou queda de 1,68%, ampliando a desvalorização no mês para 2,41%. No ano, a perda já soma 7,83%.
Pesquisa Datafolha pressiona mercado
A pesquisa Datafolha revelou que a aprovação de Lula caiu de 35% em dezembro de 2024 para 24%, enquanto a desaprovação subiu de 34% para 41%.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, esse cenário pode aumentar a pressão sobre a condução da política econômica para manter a inflação e as contas públicas sob controle até a eleição.
Além disso, a deterioração da popularidade do presidente pode elevar as expectativas de uma possível vitória da oposição, o que adiciona novas variáveis ao radar dos investidores.
Dólar recua com apostas em cortes de juros nos EUA
No exterior, o índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, caiu para 106,750 pontos, recuando mais de 1,30% na semana. O movimento reflete a revisão das projeções para os juros nos EUA, após a divulgação de dados fracos do varejo americano.
As vendas no varejo dos EUA caíram 0,9% entre dezembro e janeiro, contrariando a expectativa de estabilidade. O dado reforçou apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pode retomar cortes de juros ainda este ano, o que reduz a atratividade do dólar globalmente.
Costa destaca que, após a divulgação da inflação ao consumidor (CPI) na quarta-feira (12), o mercado precificava apenas um corte de juros para 2025. Agora, a curva de juros já embute 40 pontos-base de redução, ampliando a pressão sobre o dólar.
Impacto das tarifas de Trump no câmbio
Outro fator no radar dos investidores é a política comercial dos EUA. O mercado ainda avalia os efeitos do memorando assinado por Donald Trump sobre tarifas recíprocas.
Apesar do impacto inicial no real na quinta-feira (13), especialistas apontam que as tarifas podem ser usadas como estratégia de negociação e não se concretizarem totalmente.