A Raízen (RAIZ4) registrou um prejuízo líquido de R$ 2,571 bilhões no terceiro trimestre da safra 2024/25 — equivalente ao período entre outubro e dezembro de 2024. Com o resultado, a companhia reverteu o lucro de R$ 793 milhões no mesmo período do ano anterior.
Segundo a empresa, o desempenho foi impactado pela queda na contribuição operacional e pelo aumento das despesas financeiras, incluindo efeitos não recorrentes.
No primeiro pregão após a divulgação do balanço, os papéis RAIZ4 lideram o ranking de maiores quedas do Ibovespa, recuando 2,26%, às 11h. Na abertura do mercado, as ações caíam 6,21%.
Receita cresce, mas Ebitda recua
Apesar do prejuízo, a receita líquida da empresa cresceu 14,3% no período, somando R$ 66,872 bilhões. No entanto, o Ebitda ajustado (indicador que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 20,5%, para R$ 3,123 bilhões.
A Raízen atribuiu o recuo do Ebitda ao avanço nas vendas de açúcar e etanol, que não foi suficiente para compensar o menor desempenho nas operações de trading e os impactos climáticos, incluindo queimadas que afetaram a qualidade da cana-de-açúcar e o mix de produção.
A alavancagem financeira da companhia aumentou no período. A relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses subiu de 1,9 vez para 3 vezes. O endividamento líquido total cresceu 22,6%, atingindo R$ 38,59 bilhões.
Produção e vendas da Raízen
A companhia processou 77,5 milhões de toneladas de cana no acumulado da safra até dezembro, uma queda de 6,9% frente ao ciclo anterior. A produção de açúcar recuou 12,5%, totalizando 5,075 milhões de toneladas. Já a fabricação de etanol apresentou crescimento de 0,4%, atingindo 3,113 milhões de metros cúbicos, enquanto a produção de etanol de segunda geração (E2G) quase dobrou, alcançando 49,7 mil metros cúbicos.
As vendas de etanol próprio cresceram 14,8%, para 2,540 milhões de metros cúbicos, enquanto as vendas de açúcar avançaram 6,5%, somando 4,037 milhões de toneladas.
Reestruturação e venda de ativos
A Raízen destacou que está avançando em sua estratégia de reestruturação para otimizar sua estrutura de capital. No terceiro trimestre, a empresa vendeu direitos de exploração de 900 mil toneladas de cana por R$ 384 milhões e alienou projetos de geração distribuída solar, levantando R$ 475 milhões. Além disso, reduziu sua participação na operação de mobilidade no Paraguai de 50% para 27,4%, evitando um desembolso de até US$ 54 milhões até novembro de 2026.
A companhia afirmou que está focada em maior eficiência operacional e na revisão de seu portfólio de ativos. O foco principal será a distribuição de combustíveis, produção e comercialização de açúcar, etanol e bioenergia.
Citi prevê desafios para a Raízen no curto prazo
O Citi avaliou que os resultados da Raízen vieram fracos, refletindo os impactos do realinhamento da estrutura de capital da empresa diante do cenário macroeconômico desafiador. Segundo os analistas, a companhia vem passando por transformações significativas, incluindo mudanças na gestão e na controladora Cosan.
O Citi mantém recomendação de compra para as ações da Raízen, com preço-alvo de R$ 3,50, o que representa um potencial de valorização de 97,7% sobre o fechamento da última sexta-feira (14), de R$ 1,77.