O dólar à vista caiu 0,41% nesta terça-feira (18), cotado a R$ 5,69. A moeda americana subiu mesmo com a alta do dólar no mercado internacional, com o índice DXY — que mede a força do dólar contra outras moedas — ultrapassando 107 pontos.
Analistas apontam que a queda do dólar pode estar ligada à entrada de capital externo no Brasil, principalmente para investimentos em renda fixa. O Tesouro Nacional realizou um leilão expressivo de NTN-Bs, papéis atrelados à inflação, que pode ter atraído investidores estrangeiros.
Outro fator que pode ter influenciado o câmbio foi a emissão externa de bonds (títulos da dívida) pelo Tesouro, que vendeu US$ 2,5 bilhões, com uma demanda de US$ 6,5 bilhões.
Empresas privadas, como a Raízen, também podem acessar o mercado internacional em breve, com emissões estimadas entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões.
Atuação do Banco Central
O Banco Central realizou um leilão de linha, vendendo US$ 3 bilhões com compromisso de recompra. Esse tipo de operação ajuda a fornecer liquidez ao mercado e a segurar o chamado cupom cambial, tornando o investimento em real mais atrativo para estrangeiros.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Marcos Weigt, head da Tesouraria do Travelex Bank, disse que essa estratégia do BC “ajuda a segurar o cupom cambial e aumenta o carrego da moeda”, ou seja, melhora o rendimento da aplicação em reais.
Mercado externo e impacto nos juros
A alta do dólar no mercado internacional foi impulsionada por dados econômicos fortes nos Estados Unidos. O índice Empire State, que mede a atividade industrial de Nova York, avançou de -12,6% para 5,7% em fevereiro, surpreendendo analistas que esperavam -0,5%.
Além disso, dirigentes do Federal Reserve (Fed) reforçaram que não há pressa para reduzir os juros, o que sustentou a alta das taxas dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano. Juros mais altos nos EUA tendem a atrair investimentos para o país, fortalecendo o dólar globalmente.