O Federal Reserve (Fed) divulgou, na tarde desta quarta-feira (19), a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). Nela, embora tenha sido observado progresso na inflação, os dirigentes destacaram a necessidade de um melhor acompanhamento para garantir que a meta de 2% seja atingida.
Segundo as projeções do banco central americano, a expectativa é que a inflação fique dentro da meta até 2027, caso a política monetária se mantenha como está.
De acordo com o relatório, a economia dos Estados Unidos continuou se expandindo de forma sólida, com o mercado de trabalho permanecendo forte, mas alguns riscos fiscais e de políticas externas ainda geraram incertezas.
Fed indica desaceleração da inflação
Os membros notaram que a inflação desacelerou nos últimos dois anos, mas que ainda estava um pouco acima da meta de 2%. A inflação de 12 meses até dezembro foi de 2,6%, com o núcleo da inflação (excluindo alimentos e energia) subindo 2,8%.
A inflação de curto prazo, especialmente nos preços de serviços habitacionais e outros serviços não habitacionais, mostrou um progresso mais claro. No entanto, a avaliação da inflação permanece cautelosa, com o Comitê precisando de mais evidências de desinflação sustentável.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho continuou forte, com a criação de 170.000 empregos por mês nos últimos três meses de 2024. A taxa de desemprego se manteve baixa, e a taxa de participação no mercado de trabalho, além da recuperação da produtividade, foram positivas para as perspectivas econômicas.
Política monetária
O Fed decidiu manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, pois a política monetária ainda estava restritiva. Embora o comitê estivesse confortável com o cenário, os membros decidiram ter mais cautela para analisar os dados econômicos, já que as condições poderiam exigir ajustes conforme o mercado de trabalho e a inflação evoluíssem.
Além disso, o Comitê discutiu a redução das participações do Fed em títulos, considerando ajustar as compras futuras de títulos do Tesouro para evitar distúrbios no mercado e alinhar a maturidade do portfólio do Fed com a dívida pública em circulação.
Em relação aos riscos fiscais, o FOMC foi cauteloso, observando que mudanças fiscais poderiam impactar as condições de mercado e a estabilidade econômica. A resposta do Fed dependeria da evolução dos dados econômicos e da adaptação às mudanças no cenário fiscal.
Fed destaca riscos e incertezas
O Fed observou que os riscos para o emprego e a estabilidade de preços estavam equilibrados, mas havia um risco crescente para a inflação devido a possíveis mudanças nas políticas comerciais, de imigração e um aumento inesperado da demanda das famílias.
Além disso, o Comitê expressou preocupação com a estabilidade financeira, especialmente em relação a riscos no setor bancário e nas instituições financeiras não bancárias.
Houve também preocupações sobre a avaliação de ativos no mercado de ações e na dívida corporativa, além de possíveis riscos nos mercados imobiliários comerciais.
Inadimplência e desaceleração da indústria
As famílias de baixa e média renda ainda enfrentavam dificuldades financeiras, com aumento nas taxas de inadimplência em empréstimos de cartão de crédito e automóveis.
O setor empresarial mostrou resiliência, com forte investimento em equipamentos e ativos intangíveis, embora tenha ocorrido desaceleração no último trimestre de 2024. As empresas estavam otimistas com o cenário econômico, mas o aumento da incerteza devido a políticas fiscais federais era uma preocupação.