O mercado financeiro iniciou 2025 com um tom positivo, impulsionado pela valorização do Ibovespa e a desvalorização do dólar, enquanto as decisões econômicas de Donald Trump, começam a repercutir no Brasil e no exterior.
Em janeiro, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou o mês com uma alta de 4,8%, enquanto a moeda norte-americana recuou 5,8% impulsionada por um ajuste técnico, após um pico de valorização de 30% em dezembro.
A análise é de Pablo Piero, sócio da Wiser | BTG Pactual, que, durante o primeiro episódio do podcast Radar Financeiro, destacou os principais movimentos do mercado em janeiro, incluindo os impactos iniciais das decisões do presidente dos Estados Unidos. Veja a análise na íntegra:
Expectativas para a economia global após Trump
Desde a posse de Trump, o mercado tem acompanhado de perto suas decisões econômicas. Em sua primeira semana de governo, ele concentrou-se em revogar medidas do governo anterior e endurecer a política migratória.
Na segunda semana, anunciou novas tarifas para parceiros comerciais como México, Canadá e China, gerando incertezas e aumento da volatilidade nos mercados.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, decidiu manter os juros inalterados no final do mês, com um discurso mais cauteloso de seu presidente, Jerome Powell. Ele reforçou que futuras decisões sobre juros dependerão de novos dados econômicos, o que acalmou os investidores.
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IFIX preocupa investidores
O índice de Fundos Imobiliários (IFIX) teve queda de 3% no mês, impactado pela perspectiva de juros mais altos e pela reforma tributária. A nova legislação retirou benefícios fiscais de alguns fundos, reduzindo a rentabilidade dos aluguéis pagos aos cotistas.
“A expectativa por uma Selic mais alta, impacta o preço das cotas desses ativos de fundos imobiliários. A reforma tributária também é um agravante pela quantidade de impostos”, disse Piero.
Cenário político em foco
No Brasil, a volta do recesso parlamentar e a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado também foram fatores observados pelo mercado. Hugo Mota e Davi Alcolumbre venceram as eleições, e os investidores agora acompanham a relação dessas lideranças com o governo Lula.
Neste mês, a maior parte do mercado esteve atenta as repercussões das tarifas de Trump, a evolução do caso DeepSeek e a política monetária nos Estados Unidos. No Brasil, a atenção estará voltada para as decisões do Congresso e para a agenda econômica do governo.
Inteligência artificial chinesa gera tensão no setor de tecnologia
Outro fator que trouxe atenção ao mercado foi o avanço da DeepSeek, empresa chinesa que desenvolveu uma inteligência artificial altamente avançada e de baixo custo. O anúncio gerou preocupação no setor de tecnologia, aumentando a expectativa sobre um possível acirramento da guerra comercial entre EUA e China.
No final de janeiro, a startup chinesa revelou que seus modelos de IA, R1 e V3, alcançaram resultados similares ou superiores aos modelos americanos mais avançados, como os da Anthropic.
O custo de treinamento do modelo V3 foi de US$ 5,6 milhões, significativamente inferior aos US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão reportados por concorrentes nos EUA.