As exportações de gás e petróleo russos para a União Europeia (UE) caíram drasticamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia, informou o Banco Central Europeu (BCE) em boletim divulgado nesta quinta-feira. Segundo o documento, as exportações de gás russo para o bloco situaram-se em 35% do nível do ano anterior na última semana de junho de 2022.
Já os embarques semanais de petróleo da Rússia caíram 15% no final de março de 2022 em comparação com o nível do ano anterior, ressalta o documento. Entretanto, se recuperaram “para níveis próximos aos níveis pré-invasão em meio a descontos historicamente altos e algum desvio de fluxos para grandes países asiáticos”.
Desde a reunião do Conselho do BCE, em junho, os preços do petróleo caíram cerca de 14%, uma vez que os riscos mais altos de uma desaceleração econômica superam as interrupções no fornecimento, afirma a instituição.
O Boletim Econômico do BCE também apresenta um panorama sobre a atual situação da economia global. “A atividade econômica desacelerou nas principais economias avançadas desde a última reunião do Conselho do BCE em junho”, informa o texto.
Nos Estados Unidos, os gastos do consumidor em maio surpreenderam significativamente pelo lado negativo, enquanto os ganhos de emprego continuam sólidos, afirma a instituição. Segundo o BCE, os riscos descendentes para as perspectivas do país aumentaram em geral.
Os dados de atividade do Reino Unido surpreenderam negativamente e a confiança do consumidor caiu para um nível recorde. O crescimento na China está se recuperando depois que o país emergiu da onda mais recente da pandemia, mas continua fraco, pontua o banco central.
Na zona do euro, a atividade econômica está desacelerando. “A agressão injustificada da Rússia à Ucrânia é um obstáculo contínuo ao crescimento. O impacto da alta inflação no poder de compra, as contínuas restrições de oferta e maior incerteza estão tendo um efeito amortecedor sobre a economia”, diz o BCE. “As empresas continuam a enfrentar custos mais altos e interrupções em suas cadeias de suprimentos, embora haja sinais preliminares de que alguns dos gargalos de fornecimento estão diminuindo”, completa. Esses fatores estão prejudicando as perspectivas para o segundo semestre de 2022 e além.
Por outro lado, a reabertura da economia após os bloqueios da covid-19 beneficia a atividade. Segundo o boletim, política fiscal está ajudando a amortecer o impacto da guerra na Ucrânia para aqueles que sofrem o impacto dos preços mais altos da energia.
O banco central espera que a inflação permaneça “indesejavelmente elevada” durante algum tempo, devido às pressões contínuas dos preços da energia e dos produtos alimentares e às pressões do pipeline na cadeia de preços. “Mas olhando mais à frente, na ausência de novas rupturas, os custos de energia devem se estabilizar e os gargalos de oferta devem diminuir, o que, juntamente com a normalização da política em curso, deve apoiar o retorno da inflação à meta do Conselho do BCE”, diz o texto.
Em sua reunião de 21 de julho de 2022, o BCE decidiu aumentar as taxas básicas de juros em 50 pontos-base e aprovou um instrumento antifragmentação para a transmissão efetiva da política monetária. Nas próximas reuniões, uma novo aumento das taxas de juros será apropriado. “A futura trajetória da taxa básica de juros continuará a depender de dados e ajudará o Conselho do BCE a cumprir sua meta de inflação de 2% no médio prazo”, ressalta o banco central.
Larissa Bernardes / Agência CMA
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