O dólar comercial fechou em alta de 1,93%, cotado a R$ 5,2770. O ambiente de forte aversão global ao risco foi inflado pela tensão entre China e Estados Unidos, pelos indícios de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais hawkish (duro, propenso ao aumentos dos juros), além dos ruídos políticos domésticos e a chance do Comitê de Política Monetária (Copom) não terminar o ciclo de aumento dos juros na reunião que ocorre entre hoje e amanhã, o que também contribuiu para o fortalecimento da moeda norte-americana.
Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “é uma tensão que poderia ser evitada. Será que esta visita vai ter alguma vantagem?”, indaga.
Komura acredita que as declarações dos dirigentes do Fed têm sido mais duras, e dão sinais que a instituição pode realizar um novo aumento de 0,75 ponto percentual(pp) na próxima reunião, em setembro: “A inflação não está sob controle”, observa.
Já no âmbito doméstico, Komura entende que o ciclo pode continuar: “Acho que o Banco Central (BC) pode dar o aumento de 0,5 pp e deixar a porta aberta para mais altas. Houve uma deterioração da conjuntura no Brasil, e isso pesa mais no real do que os juros”, constata.
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “o ambiente externo é de aversão ao risco, mas a possibilidade do BC sinalizar o final do aperto do ciclo monetário é ruim para o câmbio.”.
Serrano também entende que os novos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, geram um ruído político. O chefe do executivo declarou, nesta terça, que os inquéritos do ministro são “ilegais, imorais”, e ainda disse que está sendo perseguido de modo implacável, referindo-se ao inquérito das fake news.
De acordo com boletim da Ajax Capital, “lá fora, aumenta o risco geopolítico com possíveis tensões entre China e Estados Unidos, após viagem de Pelosi a Taiwan”, referindo-se à visita da presidente da câmara estadunidense, Nancy Pelosi, o que pode ser encarado pela China – detentora do território – como uma afronta.
Paulo Holland / Agência CMA
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