Ainda pouco difundida, a tecnologia conhecida como eSIM (o chip virtual, modelo tecnológico que promete substituir os atuais cartões de chips, os SIM cards) abrirá espaço para uma série de aplicações no mundo dos negócios que vão de uma maior facilidade no serviço de roaming internacional a inovações que passam, por exemplo, pelo uso da chamada (e hoje relativamente conhecida) Internet das Coisas – IoT, na sigla em inglês.
Na prática, essa tecnologia consiste em um chip físico (como um SIM card comum) já comercializado “de série” nos aparelhos, mas cuja ativação (e essa é a grande diferença) pode ser realizada de maneira digital, não havendo necessidade de um processo físico.
Roaming Internacional
“Hoje em dia, já há muitos telefones no mercado há algum tempo e que trazem a opção de eSim, mas adoção da tecnologia demorou para ‘decolar’”, explica Diego Cecchinato, vice-presidente sênior da área de Telecomunicações da IDEMIA (empresa fornecedora do produto) na América Latina. Ele explica que, para operar o sistema, é preciso que o aparelho possua o eSIM, mas a operadora também tenha a plataforma compatível com esse sistema, contratada de empresas como a própria IDEMIA.
A utilidade mais óbvia é relativa à facilidade de roaming internacional. Imagine, por exemplo, um executivo em viagem ao exterior: atualmente, chegando no aeroporto do país de destino, um procedimento bastante óbvio para aqueles que querem ter acesso ao serviço internacional é adquirir um SIM Card de uma operadora local e inserir no próprio aparelho. Com o eSIM, essa operação fica bem mais simples. Basta escanear um QR Code no próprio aeroporto para ter acesso aos planos de serviços, realizar o pagamento e, em segundos, ter ativada a nova linha.
Ganhos logísticos
Os ganhos, como mostraremos, não param por aí. “Há uma mudança de paradigma para um mundo mais digital, com benefícios, por exemplo, do ponto de vista logístico. O chip já vem no telefone e não há necessidade de outros processos de transporte e armazenagem para comprar chips como atualmente. Hoje, as operadoras de telefonia têm de fazer a distribuição dos cartões via CDLs (Centros de Distribuição Logística) com custo e trabalho de equipes, um processo que deixa de existir”, explica.
Para o cliente, há, ainda, uma possibilidade de adquirir o aparelho diretamente no comércio (e não das operadoras) para, em casa ou no trabalho, fazer a ativação remota escolhendo, aí, sim, a operadora de sua preferência.
Wearables
Mas a maior revolução parece ser mesmo aquela relativa à Internet das Coisas, sobretudo no que diz respeito aos chamados “wearables”, aparelhos que podem ser usados com controle em tempo real de funções como pressão corporal, temperatura e número de paços dados diariamente. Essa tecnologia já é relativamente conhecida na forma, por exemplo, de aparelhos como o Apple Watch, mas ganha força com o eSIM, na medida em que permite centralizar em uma linha (a do telefone) as funções de todos os aparelhos. Isso, além do relógio e do próprio celular, inclui, por exemplo, tablets, TV e até mesmo geladeiras inteligentes.
Um grande passo na difusão da tecnologia eSIM foi dado com o lançamento do iPhone 14, aparelho que conta somente com o cartão virtual – nos demais modelos que possuem eSIM, tanto da Apple como de outros fabricantes, esse convive com o SIM tradicional.
Considerando que o tempo médio para a troca de um aparelho é de 2,5 anos, Cecchinato acredita que haverá uma “curva de aprendizado” para a mudança de paradigma e que, durante um bom tempo, as duas tecnologias irão conviver.
Fato é que as perspectivas são de uma verdadeira revolução.