O dólar fechou esta terça-feira (8) em forte alta de 1,48%, a R$ 5,99 — maior valor desde 21 de janeiro. A moeda chegou a bater R$ 6 durante o pregão, impulsionada pela escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O movimento marca o terceiro dia consecutivo de valorização do dólar no mercado brasileiro. Desde o início de abril, a divisa já acumula alta de 5,13%. No ano, as perdas do dólar frente ao real, que chegaram a mais de 8%, agora estão reduzidas a 2,95%.
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Real lidera perdas entre emergentes
A piora do cenário global afetou principalmente moedas de países emergentes com forte ligação comercial com a China. O real teve o pior desempenho entre as principais moedas, enquanto o yuan, moeda chinesa negociada no exterior, atingiu seu menor nível histórico frente ao dólar.
Esse enfraquecimento do yuan preocupa exportadores brasileiros de commodities, como minério de ferro e soja, pois torna os produtos do Brasil mais caros para compradores chineses.
Disputa tarifária pressiona mercados
O prazo estabelecido pelo presidente americano Donald Trump para que a China retirasse tarifas retaliatórias expirou hoje às 13h. A China manteve as medidas, afirmou que está “pronta para lutar até o fim” e acionou os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A resposta dos EUA foi imediata: a Casa Branca confirmou que aplicará uma sobretaxa de 50% sobre produtos importados da China a partir desta quarta-feira. Com isso, a tarifa total sobre alguns itens poderá alcançar 104%.
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Apple no centro da crise
No fim da tarde, o dólar renovou a alta após uma fala da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicando que Donald Trump acredita ser possível fabricar iPhones nos EUA. Hoje, a Apple produz a maioria de seus aparelhos na China.
A declaração aumentou a percepção de que o conflito comercial pode se intensificar, afetando grandes empresas e cadeias globais de produção — fator que costuma aumentar a aversão ao risco entre investidores.
Saída de capital da Bolsa
Dados da B3 mostram que investidores estrangeiros retiraram R$ 3,6 bilhões da Bolsa brasileira nos primeiros quatro dias úteis de abril. Apesar disso, o saldo do ano ainda é positivo em R$ 7,037 bilhões.
Expectativas sobre juros nos EUA
O cenário de desaceleração nos Estados Unidos também trouxe novas expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed). Segundo o CME Group, o mercado já aposta majoritariamente em um corte de 25 pontos-base na taxa de juros em maio.
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Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, reconheceu que o impacto das tarifas nos preços ainda é incerto, mas destacou a queda no sentimento do consumidor.
Já a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse haver uma “pequena preocupação” com alta da inflação, mas reforçou que a política monetária atual é “modestamente restritiva”.