O dólar comercial fechou em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,4320. A moeda norte-americana refletiu a forte aversão global ao risco, com novas dúvidas sobre a recuperação econômica da China e a expectativa por um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais duro.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “existe uma confluência de fatores negativos, como a queda das commodities, a crise imobiliária chinesa e a perspectiva de recessão na Europa”.
Borsoi explica que o aumento dos juros que tem sido executado por diversos bancos centrais no mundo, faz com que as taxas brasileiras – que até então eram convidativas – não despertem o mesmo interesse: “Nossa bolsa perdeu atratividade, especialmente as empresas ligadas às commodities. Além disso, estamos vendo um aumento do risco país, e os investidores estão buscando proteção em ativos de menor risco”, elucida.
O Fed mais duro também é um dos fatores que impactam as moedas emergentes, mas a China voltou a afetá-las negativamente: “A crise imobiliária chinesa nunca foi totalmente resolvida, e agora a recessão parece também ter chegado lá”, constata Borsoi.
De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o PPI veio bem abaixo, e é muito provável que haja uma onda de revisão dos lucros das empresas, assim como o valor do dólar ao final de 2022 e performance da bolsa devem ser revistos”.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 1,1% em junho ante previsão de +0,8%, enquanto o número de novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos chegou a 244 mil na semana encerrada no último dia 9 – a projeção era de 235 mil.
Komura acredita que as apostas de +1,0% na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), no dia 27 deste mês, aumentaram: “Acredito que com esta inflação e o nível de emprego tão baixo, o Fed vai ter que ser agressivo. O momento agora exige isso”, analisa.
Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a aversão ao risco é global com a inflação persistente nos Estados Unidos. As taxas de juros abriram muito hoje, e isso é preocupante”.
O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), divulgado ontem, subiu 1,3% em junho ante maio (projeção de +1,1%) e 9,1% no acumulado dos últimos 12 meses (projeção de +8,8%).
Nagem entende que aumentaram as chances de um Fed mais agressivo, o que faz com que diminua o fluxo estrangeiro especialmente nos países em desenvolvimento, além de enfraquecer as moedas dos emergentes.
Paulo Holland / Agência CMA
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