O dólar comercial fechou a R$ 5,404 para venda, com desvalorização de 0,64%. As atenções do mercado estiveram todas voltadas para o Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos.
A inflação de junho ficou acima do esperado, indicando que a política monetária americana deverá permanecer rígida. O comprometimento do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, com o controle da inflação foi bem recebido pelo mercado, segundo fontes ouvidas pela CMA, e garantiu o movimento de correção.
A moeda americana iniciou o dia em baixa, sinalizando a retomada de fôlego após a recente valorização. Logo depois da divulgação do IPC americano, a moeda mudou de direção e bateu nas máximas do dia. Mas ainda na parte da manhã o dólar voltou a cair, aprofundando a correção. Perto do final do dia, a baixa foi reduzida.
Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, disse que a desvalorização do dólar foi “simples e puramente volatilidade”. Segundo ela, “o resultado [da inflação americana] foi muito pior do que o esperado e o mercado poderia colocar na conta uma desvalorização da moeda, mas o que eu acho é que, apesar de ruim, já era esperado um número ruim e o mercado se antecipou ontem, por isso é um ajuste”.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 1,3% em junho na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais, segundo dados do Departamento de Trabalho do país. Analistas previam alta de 1,1%. Em maio, o índice subiu 1,0% em comparação com o mês anterior. Nos 12 meses até junho, o índice de preços ao consumidor subiu 9,1%. O mercado previa alta de 8,8% em base anual.
“De forma geral, os dados sugerem uma inflação cada vez mais entrincheirada. É verdade que a queda recente do petróleo e demais commodities pode se traduzir em algum alívio nas próximas leituras deverá persistir por mais tempo e incluir 2023. O índice de difusão, por exemplo, que mede a proporção de bens e serviços com variação positiva no mês, atingiu 74,8%”, avaliou o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso.
Segundo Caruso, aos olhos do Federal Reserve, o banco central norte-americano, o número sugere uma nova elevação de 0,75% na taxa básica de juros na próxima reunião. “Esse ritmo de aperto da política monetária é historicamente acelerado, mas é consistente com o ritmo também acelerado de subida dos preços por lá”.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o resultado de hoje reforça a elevação de 0,75% na próxima reunião do Fomc, e de alguma maneira acaba com as chances de +0,5%”.
Vieira entende que o movimento de correção observado no câmbio se deve a uma maior nitidez. “Chegou-se à conclusão do caminho daqui para diante, com o término das dúvidas da política a ser adotada”, sentencia Vieira.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, entende que a demanda, que continua aquecida, é ainda um desafio para o Fed. “O consenso é que na reunião deste mês o aumento seja de 0,75%, mas aumentam as apostas para 1%. O CPI de julho pode fazer com que o Fed acelere o ritmo de alta na reunião de setembro”, analisa.
Dylan Della Pasqua / Agência CMA
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