O banco norte-americano Morgan Stanley reafirmou sua visão positiva sobre o Brasil e manteve a recomendação overweight, equivalente à compra, acima da média do mercado, para o país, além de prever um novo patamar para o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira.
Em relatório, estrategistas do banco projetam que o Ibovespa deva alcançar a marca de 189 mil pontos até meados de 2026, o que representa uma valorização de cerca de 36% frente ao patamar atual, motivada por uma mudança na relação risco-retorno, uma visão mais otimista para o cenário doméstico.
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Previsão para a Bolsa deve ficar para depois das eleições
Para Flávio Conde, coordenador da Comissão de Economia da Apimec, a eleição presidencial de 2026 será determinante para o desempenho da Bolsa.
Segundo ele, um eventual governo de Centro, com foco em equilíbrio fiscal e inflação na meta, poderia abrir um ciclo virtuoso de 4 a 8 anos, com crescimento econômico, juros mais baixos, inflação controlada, risco-país reduzido e uma possível retomada dos IPO’s.
“Se isso ocorrer, a Bolsa pode, sim, atingir os 189 mil pontos projetados pelo Morgan Stanley. Mas acredito que isso aconteceria mais para 2027, após a definição do novo presidente”, diz.
Calendário eleitoral e política fiscal no radar
Para os analistas do Morgan Stanley, Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira, os próximos 18 meses criam espaço para mudanças na política econômica, especialmente no campo fiscal.
O banco, no entanto, não espera mudanças concretas na política fiscal antes de 2027, mas afirma que a simples existência dessa possibilidade já impulsiona o mercado acionário brasileiro.
Embora o cenário seja otimista, o Morgan Stanley alerta que o risco fiscal permanece elevado: “Uma mudança estrutural na política fiscal em toda a região é necessária para reduzir as taxas de juros, desbloqueando um novo ciclo de investimento e potencial expansão dos múltiplos de mercado”, dizem os analistas.
Baixo posicionamento em ações no Ibovespa
Em relatório, a instituição destaca que os investidores ainda estão fortemente alocados em renda fixa para financiar um déficit orçamentário próximo de 10% do PIB, enquanto a exposição a ações segue em níveis historicamente baixos.
E enfatiza que o Brasil continua “muito barato” em termos de mercado: “O nível de avaliação é atrativo, talvez o mais atrativo do mundo”, afirma o banco.
Na visão dos analistas, é necessário um reequilíbrio na alocação de ativos que possa iniciar um novo ciclo de lucros para o mercado de ações.
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Prediletos do Morgan Stanley na Bolsa brasileira
Entre os setores preferidos do Morgan Stanley estão os serviços financeiros, estatais, petróleo e energia, serviços públicos e concessões e o ramo de exportadores, como os de agricultura e energia.
Os analistas do banco fazem, ainda, uma comparação do Brasil ao Texas, pela força nos setores de energia e agronegócio.
A B3 foi incluída recentemente na carteira com recomendação “overweight”, apostando na migração dos investidores da renda fixa para ações, à medida que os juros caem.
- Confira a ações destacadas no portfólio do Morgan Stanley:
Empresa | Ticker | Peso (%) | Empresa | Ticker | Peso (%) | |
---|---|---|---|---|---|---|
Petrobras | PETR4 | 16,0% | Bradesco | BBDC4 | 3,8% | |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 11,5% | Embraer | EMBR3 | 3,5% | |
Vale | VALE3 | 9,2% | Nubank | ROXO34 | 3,0% | |
Eletrobras | ELET3 | 7,2% | PetroRio | PRIO3 | 2,9% | |
Banco do Brasil | BBAS3 | 6,7% | SLC Agrícola | SLCE3 | 2,5% | |
Sabesp | SBSP3 | 5,5% | XP Inc | XPBR31 | 2,5% | |
JBS | JBSS3 | 5,4% | Motiva | MOTV3 | 2,1% | |
Iguatemi | IGTI11 | 4,7% | Rumo | RAIL3 | 2,1% | |
B3 | B3SA3 | 4,7% | Usiminas | USIM5 | 2,0% | |
BTG Pactual | BPAC11 | 4,4% | Mercado Livre | MELI34 | 2,0% |
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Por que o Brasil interessa aos investidores
Segundo Flávio Conde, o interesse dos investidores está no Brasil principalmente porque o dólar está em um pico e a expectativa é de queda dos juros em 2026, ano de eleições.
“O investidor sempre olha o lado político e o econômico. O atual governo segue uma linha de altos gastos e déficit fiscal, algo que no passado foi tolerado, quando a dívida pública era de 35% do PIB. Hoje, está em 75% e pode passar de 80%”, afirma.
Segundo ele, quando países emergentes ultrapassam esse patamar, as agências de risco começam a sinalizar preocupações com a capacidade de pagamento. “O melhor exemplo disso é a Argentina, que precisou renegociar dívidas”, destaca.
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Commodities e China: fatores decisivos para o Ibovespa
Conde considera que o cenário otimista depende também de fatores externos, especialmente a recuperação da demanda da China por commodities, como:
- Petróleo – importante para Petrobras e PetroRio
- Minério de ferro – afeta diretamente a Vale
- Celulose – influencia Suzano e Klabin
“Essas ações, que têm grande peso no Ibovespa, ainda não acompanharam a alta recente do índice, que subiu cerca de 17% no ano”, observa Conde.
Segundo ele, Petrobras, Vale, siderúrgicas e empresas de papel e celulose subiram apenas 5%, o que limita o avanço do índice. Para que o Ibovespa atinja os 189 mil pontos, os preços dessas commodities precisam voltar a subir.