O dólar fechou esta quinta-feira (22) em alta de 0,33%, a R$ 5,66, frente ao real. O movimento foi pressionado pela divulgação de um decreto sobre possíveis mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que elevou a aversão ao risco.
Inicialmente, a sinalização de compromisso com o novo arcabouço fiscal trouxe alívio ao mercado. O real chegou a se valorizar frente ao dólar, com a moeda americana atingindo a mínima de R$ 5,5961, mas reverteu a direção no final da tarde.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
IOF incerto preocupa investidores
A falta de clareza sobre as alterações no IOF gerou tensão entre investidores. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as mudanças não afetariam dividendos vindos do exterior, mas evitou dar mais detalhes antes do fechamento do mercado.
Para analistas, o risco é de que o novo IOF incida sobre o fluxo de capitais — especialmente sobre investimentos estrangeiros em ações. Nesse cenário, haveria impacto negativo na bolsa e pressão adicional sobre o câmbio.
Dívida pública e meta fiscal
O governo também anunciou um bloqueio de R$ 10,6 bilhões nas despesas discricionárias e o contingenciamento de mais R$ 20,7 bilhões do orçamento. No total, os cortes chegaram a R$ 31,3 bilhões — três vezes mais do que o esperado por analistas ouvidos pelo Estadão Broadcast (projeção mediana de R$ 10 bilhões).
- ⚡ A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Pressão no câmbio continua
Mesmo com a queda nos juros dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) — fator que costuma favorecer moedas emergentes —, o dólar avançou. Para o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, o câmbio atual reflete risco fiscal.
“Um país com fundamentos como os do Brasil não deveria ter um dólar tão caro. Mas toda vez que o câmbio bate R$ 5,60, o mercado tenta empurrar para R$ 5,70. Isso não se sustenta, e o dólar volta para R$ 5,60”, disse Almeida, durante o AgroForum Cuiabá, promovido pelo BTG.