O dólar fechou esta quarta-feira (28) em alta de 0,88% frente ao real, a R$ 5,69, refletindo o aumento da percepção de risco fiscal no Brasil.
O movimento é consequência das incertezas em torno das alterações no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que provocaram críticas do setor produtivo, bancos e Congresso.
No acumulado da semana, a moeda norte-americana sobe 0,85%. No mês, o avanço é de 0,33%. No ano, no entanto, o dólar ainda acumula queda de 7,85% frente ao real.
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Risco fiscal pressiona o câmbio
A principal preocupação dos investidores é o impacto das mudanças no IOF sobre o equilíbrio fiscal. A alteração nas alíquotas para aplicações de fundos de investimento no exterior criou um rombo nas contas públicas.
Para compensar a perda de arrecadação, o governo anunciou o resgate de R$ 1,4 bilhão dos fundos FGO (Fundo Garantidor de Operações) e FGEDUC (Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo).
Segundo operadores de câmbio, a instabilidade no cenário fiscal pode ter levado investidores estrangeiros a recompor posições compradas em dólar no mercado futuro, aumentando a pressão sobre o real.
IOF vira ferramenta fiscal e preocupa o mercado
A equipe econômica do governo se reuniu com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para discutir os efeitos das medidas. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que está aberto a ajustes, mas alertou que mudanças podem reduzir a arrecadação e forçar bloqueios de recursos no orçamento.
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Especialistas destacam que o uso do IOF como mecanismo para reforçar o arcabouço fiscal levanta dúvidas sobre o compromisso do governo com o controle de gastos. O IOF é um imposto regulatório — ou seja, usado principalmente para influenciar o comportamento de mercado — e não um tributo com foco arrecadatório.
Dólar forte no exterior também contribuiu
Além dos fatores domésticos, o dólar também se fortaleceu no cenário internacional. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes, operou em alta, chegando a 99,957 pontos.
A valorização foi impulsionada pela ata da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que reforçou uma postura cautelosa diante da inflação e das incertezas tarifárias. Com isso, cresceu a expectativa de que o primeiro corte de juros nos EUA só ocorra em setembro.
O ambiente global desfavorável a mercados emergentes aumentou a busca por proteção cambial, o que reforçou a valorização do dólar frente ao real.