Os bancos brasileiros enfrentam perdas crescentes com fraudes e crimes financeiros, apesar dos investimentos em tecnologia. É o que aponta uma pesquisa da BioCatch divulgada nesta terça-feira (17), que mostra como o Brasil segue a tendência global de sofisticação da chamada “Economia Sombria” (ou Dark Economy).
Segundo o estudo, quase 80% dos 800 líderes globais ouvidos afirmam que as organizações criminosas estão mais avançadas na lavagem de dinheiro do que os próprios bancos em sua detecção. O relatório global da Nasdaq indica que US$ 3,1 trilhões circularam em fundos ilícitos no sistema financeiro global em 2023.
Bancos sofrem perdas milionárias
No Brasil, 40% das instituições financeiras investem entre US$ 25 milhões e US$ 49,9 milhões por ano em tecnologias antifraude.
Apesar disso, 77% relataram aumento nas tentativas de fraude, e 68% afirmam que as perdas financeiras continuam subindo (números acima da média global).
Entre os bancos brasileiros, 45% relataram perdas anuais de pelo menos oito dígitos (mais de US$ 10 milhões), sendo que 6% superaram os US$ 50 milhões.
Dados dos bancos brasileiros em destaque:
- 79% dos profissionais brasileiros veem a IA como impulsionadora dos crimes;
- 81% concordam que fraudes estão ligadas a crimes como tráfico humano e terrorismo;
- 69% compartilham dados de contas suspeitas com outras instituições — acima da média global (57%);
- 64% afirmam que os custos com fraudes superam os das multas regulatórias;
- 23% reconhecem taxas de reembolso acima de 70% às vítimas.
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Inteligência artificial amplia risco para os bancos
A adoção de tecnologias emergentes por criminosos é um dos principais desafios para o setor. Segundo os entrevistados:
- 78% apontam o uso de inteligência artificial como ferramenta de fraude
- 76% mencionam redes sociais
- 73% destacam fóruns da dark web
Ao mesmo tempo, cerca de 70% das instituições financeiras já utilizam análise comportamental — tecnologia que monitora padrões de uso, frequência de transações e dispositivos — como ferramenta para mitigar riscos.
Regulação, polícia e comunicação com clientes
A maioria dos entrevistados (89%) defende maior intervenção regulatória para combater a lavagem de dinheiro. Além disso:
- 31% consideram a segurança e privacidade de dados o maior desafio
- 28% defendem maior supervisão sobre instituições não financeiras
- 83% dizem que combater a economia sombria é uma prioridade organizacional
No Brasil, 31% dos bancos informam as autoridades policiais sobre mais da metade dos casos suspeitos. Em contrapartida, 43% relatam que são procurados diariamente ou semanalmente por autoridades para tratar de investigações.
Ainda assim, apenas 24% dos casos suspeitos de lavagem de dinheiro são informados às autoridades, o que sugere uma lacuna na cooperação.
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Percepção e impacto no cliente
Apesar dos esforços, muitos clientes não percebem as medidas adotadas pelos bancos. Segundo o estudo:
- 22% acreditam que os clientes não reconhecem os investimentos em segurança
- 81% dos profissionais gostariam que as instituições divulgassem mais suas ações
Além disso, 43% das instituições financeiras rejeitam mais de US$ 10 milhões por ano em alegações de fraude. Já as multas regulatórias ultrapassam US$ 25 milhões anuais para 23% das instituições no Brasil.
A Austrália foi citada como exemplo positivo: a comunicação entre bancos e clientes ajudou a reduzir perdas com golpes em 25% em 2024
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Investigações e resposta aos crimes
Dois em cada três profissionais brasileiros expandem investigações de lavagem de dinheiro para redes de contas associadas — prática superior à média global.
No entanto, 48% das investigações demoram meses para ser concluídas, e 10% exigem mais de seis meses.
Embora 83% classifiquem o combate ao crime financeiro como prioridade, apenas 20% o consideram a prioridade máxima de suas organizações.