Apesar da escalada das tensões no Oriente Médio, com o ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã, os mercados globais mantêm relativa estabilidade nesta segunda-feira (23).
O movimento surpreende pela ausência de uma reação típica de aversão ao risco, com fuga para ativos considerados seguros, como ouro, dólar e títulos do Tesouro americano.
A análise foi feita por André Ribeiro, sócio da Wiser | BTG Pactual, no novo episódio do podcast Perspectivas da Semana, publicado semanalmente no YouTube do Monitor do Mercado.
Segundo ele, o comportamento dos investidores reflete a percepção de que eventuais desdobramentos mais graves, como o fechamento do Estreito de Ormuz, ainda são pouco prováveis. O canal marítimo é responsável por cerca de 20% do fluxo mundial de petróleo.
Papel da China limita risco geopolítico com Irã
Ribeiro destacou que a proximidade estratégica entre China e Irã é um fator que limita uma escalada mais agressiva. A China tem interesse direto em manter o Estreito de Ormuz aberto, pois utiliza o canal para diversas cadeias de suprimentos, além do petróleo.
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“Essas mudanças geopolíticas podem ocorrer em questão de horas. Por isso, o acompanhamento atento é essencial”, afirmou o analista. Confira a análise na íntegra:
Expectativas para indicadores dos EUA
Entre os destaques da semana no cenário internacional estão os dados do PMI (índice de atividade econômica) nos EUA, que devem mostrar desaceleração, e as declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no Congresso americano.
Além disso, serão divulgados na quinta-feira (20) os dados do PIB dos EUA no 1º trimestre, e na sexta-feira (21), o PCE de maio, principal indicador de inflação monitorado pelo Fed para decisões sobre juros.
Agenda local agitada
No Brasil, o foco está na divulgação da ata do Copom, que será divulgada nesta terça-feira (24), após a elevação da Selic para 15% ao ano na última reunião.
Ribeiro destaca que, apesar da alta inesperada nos juros, os contratos futuros com vencimento a partir de 2028 recuaram, o que foi interpretado como sinal de confiança do mercado na condução da política monetária.
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O recuo da curva de juros mais longa foi atribuído ao perfil mais conservador do atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Segundo Ribeiro, isso fortalece a credibilidade do comitê, contrariando expectativas de uma gestão mais leniente com a inflação.
Emprego e Petrobras também em foco
Ainda na agenda local, o mercado acompanha os dados de emprego — com PNAD Contínua e Caged — e o impacto da política monetária sobre a economia real.
Outro ponto sensível é a defasagem de preços da Petrobras. Atualmente, a diferença entre os preços praticados pela estatal e o preço internacional do barril gira em torno de 9% a 10%. Caso o petróleo continue subindo, reajustes podem ser inevitáveis, o que pressiona a inflação.
Interesse estrangeiro em ativos domésticos
Ribeiro também comentou uma pesquisa realizada pelo BTG com investidores globais, que aponta para aumento da alocação em mercados emergentes, especialmente no Brasil.
Os setores de consumo doméstico e varejo, antes deixados de lado, voltam a ganhar espaço nas carteiras — com destaque para nomes como Méliuz, Açaí, Lojas Renner e Smart Fit.
Segundo ele, isso reforça a importância da diversificação de portfólio em um cenário de incertezas. “Diversificar não significa que tudo vai subir ao mesmo tempo, mas que seu portfólio está preparado para diferentes cenários. O problema é não ter um plano”, concluiu.