O dólar fechou esta quinta-feira (26) em queda de 1,02% frente ao real, a R$ 5,5 — menor valor de fechamento desde 17 de junho (R$ 5,4968). A queda refletiu o enfraquecimento global do dólar, diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) possa cortar os juros ainda em 2025.
O real teve o melhor desempenho entre as moedas mais líquidas do mundo — tanto emergentes quanto desenvolvidas. Analistas atribuem esse movimento a uma combinação de fatores, incluindo a leitura benigna da inflação brasileira, reforço do compromisso do Banco Central com o controle inflacionário e questões políticas internas.
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Em entrevista ao Estadão Broadcast, a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, a perda de força da economia americana e as apostas em corte de juros pelo Fed impulsionaram a valorização do real.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta semana, mostrou desaceleração de 0,36% em maio para 0,26% em junho. A expectativa mediana dos analistas era de 0,31%.
Com a queda de hoje, o dólar passou a acumular baixa de 0,48% na semana e de 3,86% em junho. No acumulado de 2025, a desvalorização da moeda americana frente ao real chega a 11,03%.
Juros altos mantêm atratividade do real
Além da inflação sob controle, o Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado hoje pelo Banco Central, reforçou a sinalização de que a taxa Selic — atualmente em 15% ao ano — deve permanecer em patamar elevado por um período prolongado.
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Essa sinalização mantém o Brasil atrativo para operações de carry trade — estratégia em que investidores tomam empréstimos em países com juros baixos para aplicar em países com juros altos, como o Brasil. Isso eleva a demanda por reais e reduz a pressão sobre o câmbio.
Questões políticas e eleições de 2026 no radar
A queda do dólar também foi influenciada por fatores políticos internos. A derrubada no Congresso do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi interpretada como um revés para o governo Lula e um possível indicativo de perda de apoio político.
Segundo analistas, esse movimento sugere uma possível mudança na correlação de forças em direção a uma candidatura mais voltada à austeridade fiscal em 2026.
Apesar de o mercado não ter reagido com aumento dos prêmios de risco após a derrubada do IOF, há preocupação com o impacto fiscal da medida.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que ainda não há intenção de alterar a meta e que o governo tem de duas a três semanas para buscar compensações à perda de receita. O prazo está ligado ao próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de julho.
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Dólar no exterior
No mercado internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, caiu ao menor nível em três anos.
A movimentação foi influenciada por rumores de que Donald Trump, caso eleito, pode antecipar a nomeação de um novo presidente do Fed, em substituição a Jerome Powell.