Os preços do cafezinho no varejo podem começar a recuar nos próximos meses, impulsionados pelo avanço da colheita e pelo aumento da oferta, especialmente de café robusta. A avaliação é do Itaú BBA, em relatório divulgado na mais recente edição do Visão Agro.
A projeção é sustentada por dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que estima que o Brasil produzirá 40,9 milhões de sacas de café arábica e 24 milhões de sacas de robusta na safra 2025/26.
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Isso representa uma queda de 6,4% na produção de arábica e alta de 14,8% na de robusta, em comparação ao ciclo anterior.
Redução nos custos da indústria do café
O cenário marca uma reversão em relação aos últimos dois anos, quando a combinação de quebras de safra no Brasil e no Vietnã elevou o custo da matéria-prima. Com a recuperação da safra de robusta, as indústrias podem recompor seus blends com maior participação desse tipo de grão, que tem custo mais baixo do que o arábica.
A expectativa de maior disponibilidade global reduz a pressão por matéria-prima entre exportadores, torrefações e indústria de solúvel. A tendência é de que esse movimento contribua para menor pressão de preços ao consumidor final.
Risco cambial segue no radar
Apesar da previsão de alívio, o relatório do Itaú BBA alerta que o risco cambial pode neutralizar parte dos efeitos da queda de preços internacionais. Uma eventual desvalorização do real pode impactar empresas com custos dolarizados, exposição ao mercado externo ou dívidas em moeda estrangeira.
Além disso, a entrada em vigor da legislação antidesmatamento da União Europeia (EUDR) pode gerar antecipação de compras por parte de importadores, como já ocorreu anteriormente, o que pode alterar a dinâmica de oferta no curto prazo.
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Consumo interno reage devagar
O banco projeta uma recuperação lenta da demanda doméstica. Após anos de aumentos nos preços, parte dos consumidores migrou para cafés de menor valor agregado, e esse comportamento deve se manter, mesmo com a correção recente nos preços.
Nos Estados Unidos, principal mercado consumidor de café do mundo, o anúncio de tarifas sobre produtos brasileiros — feito pelo presidente Donald Trump em 9 de julho — preocupa o setor, mas o Itaú BBA avalia que substituir o Brasil como fornecedor não é simples. O país detém 42% da produção global de arábica, seguido por Colômbia (13%) e Etiópia (12%).
Mesmo que parte da demanda americana seja redirecionada no curto prazo, o impacto seria inflacionário e poderia desestimular o consumo.