O dólar fechou esta terça-feira (16) com leve alta de 0,07% frente ao real, a R$ 5,56. O movimento contrariou a tendência global de enfraquecimento da moeda americana e refletiu fatores específicos do cenário doméstico e geopolítico.
A principal influência para a alta do dólar foi a escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Na noite anterior, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) anunciou a abertura de uma investigação contra o Brasil por práticas comerciais consideradas desleais.
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A medida ocorre às vésperas da entrada em vigor de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A taxação está prevista para começar em 1º de agosto.
Em resposta, o governo brasileiro enviou carta ao governo americano reafirmando o compromisso com o diálogo e criticando a imposição tarifária. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil busca uma solução negociada desde maio.
Fatores políticos locais também impactam o real
Além do cenário externo, operadores do mercado citaram o aumento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como mais um fator que afetou o desempenho do real.
Levantamentos eleitorais recentes, como o divulgado hoje pela Genial/Quaest, indicam avanço da aprovação do governo. Para analistas, esse movimento pode elevar a percepção de risco fiscal, sobretudo diante das eleições de 2026 e da postura mais flexível em relação aos gastos públicos.
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Incerteza fiscal e decisão do STF no radar
Outro fator de cautela no mercado de câmbio é a expectativa pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A proposta do governo foi barrada pelo Congresso por meio de um decreto legislativo e agora aguarda julgamento do ministro Alexandre de Moraes.
Queda do dólar no exterior não se refletiu no Brasil
No exterior, o dólar recuou diante de dados fracos da inflação no atacado nos EUA e de rumores sobre uma possível demissão do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) ficou estável em junho, frustrando a expectativa de alta. Ainda assim, o impacto no mercado foi limitado pela avaliação de que os efeitos das tarifas ainda não foram totalmente absorvidos pela inflação.
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Além disso, o rumor sobre a saída de Powell, divulgado pelo The New York Times, foi negado por Trump. O presidente afirmou que, apesar de críticas, não pretende demitir o atual presidente do Fed, cujo mandato vai até maio de 2025.
O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, chegou a cair para 97,714 pontos, abaixo da marca de 98,000, antes de recuperar parte das perdas com o desmentido.