Com o cenário fiscal brasileiro ainda incerto e a possibilidade de aumento de impostos como o IOF, os brasileiros precisam tornar hábito investir fora do Brasil para proteger a carteira de investimentos.
Essa é a avaliação de Ricardo Rochman, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Durante o segundo dia do Avenue Connection, evento promovido pela Avenue nesta quinta-feira (17), em São Paulo, o especialista afirmou que manter todos os investimentos no mercado doméstico só amplia riscos.
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“Se você quer se proteger da variação cambial e investir cerca de 16% a 18% da sua carteira no exterior, é preciso transformar esse movimento em hábito. Não é algo pontual”, explica o especialista.
Rochman lembra que, nos Estados Unidos, entre 25% e 30% da carteira dos investidores está alocada fora do país — mesmo com a ampla gama de opções de investimentos locais. A razão para isso é simples: diversificação.
“A taxa de juros não sobe para sempre. Uma hora ela vai cair. E o investidor precisa saber aproveitar isso”, alerta Rochman.
Investidor brasileiro ainda concentra recursos na poupança
Enquanto cresce a discussão sobre investir fora do Brasil, a realidade interna do país mostra um desafio de base. Segundo Tatiana Itikawa, superintendente de Representação de Mercados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), 37% dos brasileiros poupam, como mostrou a última edição do Raio-x do investidor.
No entanto, quase 60% desse dinheiro ainda está concentrado na caderneta de poupança, considerada um investimento de baixa rentabilidade.
“O desafio está em traduzir as informações qualificadas que temos em uma linguagem clara para o investidor. Estamos trabalhando para melhorar essa comunicação e ampliar o acesso”, afirma.
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Educação financeira é o primeiro passo para investir fora do Brasil
A mudança de comportamento do investidor passa pela educação financeira e pela compreensão de que o cenário doméstico pode trazer riscos adicionais.
O aumento de impostos, a inflação e a instabilidade política são fatores que impactam diretamente os ativos locais.
Itikawa explicou que a Anbima está trabalhando na ampliação dos esforços em sua plataforma de educação financeira, a “ANBIMA Edu”, para oferecer novos cursos, incluindo um sobre investimentos no exterior.
Para Rochman, o investidor que concentra sua carteira em ativos brasileiros — especialmente ações — está exposto demais às incertezas internas.
“Diversificar é reduzir o risco. E isso vale não apenas para diferentes setores, mas também para diferentes países e moedas”, diz.