As CEOs mulheres têm 33% mais chance de serem demitidas do que homens que ocupam os mesmos cargos, aponta o estudo “Índice Global de Rotatividade de CEOs” da Russell Reynolds Associates (RRA), consultoria de desenvolvimento de lideranças.
Também foi revelado que mulheres permanecem, em média, 5,2 anos em cargos de liderança, quase três anos a menos do que a média masculina (7,9 anos). Desde 2018, 32% das CEOs mulheres deixaram o cargo em até três anos. Entre homens, a taxa cai para 24%.
Em 2025, 13% das nomeações para Chief Executive Officer referem-se a mulheres no primeiro trimestre — número próximo aos 11% registrados em todo 2024. Hoje, somente 10% dos CEOs dos índices S&P 500 e FTSE 100 são mulheres.
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Flávia Leão, sócia-diretora da Russell Reynolds e Country Manager da consultoria no Brasil, afirma que a taxa de demissão não está relacionada ao desempenho financeiro das empresas.
“O estudo mostra que, mesmo quando os resultados são positivos, os homens tendem a ser mantidos no cargo, enquanto as mulheres continuam a ser desligadas com a mesma frequência”, avalia.
Dados indicam que as CEOs mulheres são 45% mais propensas a serem dispensadas independentemente dos resultados financeiros da companhia.
Além das demissões, as mulheres saem do cargo de CEO com mais frequência por motivos pessoais (13% contra 6% dos homens), como saúde e responsabilidades familiares. Elas também buscam mais oportunidades externas (10% contra 4%).
Por outro lado, os homens se aposentam com mais frequência (31% contra 13%) e têm mais chances de assumir outros cargos dentro da mesma empresa (14% contra 6%).
Mídia reforça estereótipos
A pesquisa também revela que a cobertura da mídia contribui para a instabilidade. A saída de uma CEO mulher tem quase o dobro de chances de ser noticiada que a de um homem, com mais ênfase em aspectos negativos.
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Adjetivos como “inspiradora” também são mais usados para mulheres, enquanto “inovador” é associado a homens — o que pode impactar a percepção sobre suas habilidades estratégicas.
“Penhasco de vidro” afeta mulheres CEOs
Outro ponto abordado é o chamado “glass cliff” (penhasco de vidro), fenômeno em que mulheres são promovidas ao cargo de CEO em momentos críticos da empresa, quando as chances de fracasso são mais altas. Isso contribui para mandatos mais curtos e trajetórias marcadas por instabilidade.
O estudo aponta caminhos para mitigar o problema. Conselhos devem revisar preconceitos inconscientes, oferecer suporte adequado ao novo CEO — especialmente quando este foge do perfil tradicional — e ampliar os critérios de avaliação de desempenho.
Além disso, é importante considerar o “potencial executivo”, priorizando competências como resiliência, pensamento sistêmico e autoconhecimento, e não apenas a experiência prévia em cargos semelhantes.
Para Leão, se não houver mudança nos fatores estruturais e culturais por parte das empresas e Conselhos de Administração, a paridade de gênero só será alcançada “daqui a 72 anos”.
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Metodologia
Para o estudo “Índice Global de Rotatividade de CEOs”, a Russell Reynolds analisou, entre 2018 e 2024, 1.317 transições de CEOs em empresas de capital aberto de 12 índices globais.