O índice Nikkei 225, de Tóquio, subiu 3,5%, encerrando a sessão nesta quarta-feira (23), aos 41.171,32 pontos, após o anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e Japão. Na negociação, as tarifas de importação dos EUA sobre produtos japoneses foram fixadas em 15%, abaixo dos 25% inicialmente anunciados.
O otimismo foi generalizado entre as demais praças da Ásia: o índice Hang Seng, de Hong Kong, avançou 1,4%; enquanto o Xangai Composto ficou praticamente estável, com alta inferior a 0,1%. O S&P/ASX 200, da Austrália, subiu 0,7% e o Kospi, da Coreia do Sul, teve leve alta de 0,4%.
Além da alíquota sobre produtos enviados aos EUA, o acordo prevê um investimento japonês de US$ 550 bilhões (R$ 3,06 trilhões) na economia norte-americana.
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O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, saudou o acordo como benéfico para ambos os lados. Já o principal negociador japonês, Ryosei Akazawa, declarou que negociou a redução nas tarifas destinadas aos automóveis, porém as tarifas sobre aço e alumínio, atualmente fixadas em 50%, não foram alteradas.
Akazawa enfatizou ainda que “tomará as medidas necessárias para proteger as empresas japonesas afetadas pelas tarifas”.
Detalhes do acordo com o Japão e nova joint venture
Além da redução tarifária, o presidente Donald Trump afirmou que o acordo inclui a criação de uma joint venture (empreendimento conjunto) com o Japão para produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Alasca. A medida visa ampliar a cooperação energética entre os dois países.
Há pouco, autoridade da Casa Branca informou que o Japão aumentará gastos com defesa relacionados a empresas dos EUA de US$ 14 bilhões para US$ 17 bilhões por ano.
Segundo o comunicado, o Japão também aumentará compras de arroz em 75% e comprará US$ 8 bilhões em produtos agrícolas; além da aquisição de 100 aviões Boeing.
Setor automotivo do Japão é beneficiado
A indústria automotiva foi a principal beneficiada com o acordo. A Toyota subiu 14%, Honda avançou 11%, Mazda disparou 17% e Nissan teve alta de 8%. As montadoras japonesas são grandes exportadoras para os Estados Unidos e enfrentavam incertezas quanto ao aumento tarifário.
Segundo Trump, o Japão se comprometeu a “abrir” seu mercado para automóveis e arroz americanos. Em 2024, os Estados Unidos registraram déficit comercial de US$ 69,4 bilhões (R$ 386,5 bilhões) com o Japão, puxado pelas importações de veículos e autopeças.
Outras empresas japonesas também se valorizaram. A Nippon Steel, que negocia a aquisição da americana U.S. Steel, subiu 2,4%. A fabricante de videogames Nintendo teve alta de 0,7%, enquanto a Sony ganhou 4,6%.
Efeitos do acordo nos mercados globais
O impacto do acordo também alcançou os contratos futuros de índices americanos negociados no pré-mercado e as Bolsas da Europa, que disparam após o acordo reforçar as esperanças de um acordo semelhante com a União Europeia.
Analistas interpretam o acordo como um sinal de que os EUA podem buscar tratativas semelhantes com outras economias, inclusive com o bloco europeu.
Segundo Tim Waterer, analista da Kohle Capital Markets, os acordos com Japão e Filipinas tendem a manter o mercado otimista, mesmo com negociações mais lentas com a União Europeia e Coreia do Sul.
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Europa segue no radar dos EUA para negociações
Segundo Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, as tratativas com o bloco europeu continuam avançando e minimizou as ameaças de retaliação feitas por alguns países da União Europeia, alegando que se tratam de “táticas de negociação”.
Para ele, a principal dificuldade é a necessidade de consenso entre os 27 membros do bloco, o que torna os acordos mais lentos.
Além do Japão, Trump também firmou um acordo com as Filipinas, que prevê redução de tarifas e isenção de impostos sobre produtos filipinos exportados aos Estados Unidos.