O agronegócio brasileiro acumula superávit superior a US$ 1,7 trilhão entre 2000 e 2024, segundo o professor Edivaldo Velini, da Unesp Botucatu. A informação foi apresentada durante o Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), realizado em Campinas (SP), na conferência “Sustentabilidade da cadeia produtiva de soja em números”.
“O agro é fundamental para a balança comercial do Brasil”, afirmou Velini. De acordo com ele, o setor representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e responde por cerca de um terço dos empregos no país.
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Comunicação, subsídios e produtividade
Velini destacou que todo esse resultado do agronegócio é obtido sem subsídios governamentais diretos. Para ele, o setor precisa melhorar a comunicação com a sociedade, mostrando que, além de alimentos, também fornece fibras, bioenergia e serviços ecossistêmicos.
Ele também rebateu críticas recorrentes ao uso de defensivos agrícolas, afirmando que o volume aplicado por tonelada produzida é comparável ao de outros países. “Consumimos mais porque produzimos mais”, declarou.
Tarifa dos EUA pode cortar exportações do agro pela metade
Apesar da força do setor, as exportações para os Estados Unidos estão sob risco com o novo pacote tarifário anunciado pelo governo americano. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que as vendas para os EUA podem cair até 48% caso as tarifas sejam implementadas nos moldes atuais.
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Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para os Estados Unidos. Com tarifas que podem elevar em até 50% o custo de entrada dos produtos brasileiros no mercado americano, a perda potencial pode chegar a US$ 5,8 bilhões.
Setores mais afetados
A CNA alerta que os impactos variam entre os segmentos. Para o suco de laranja e açúcares especiais, as exportações podem ser praticamente zeradas. O suco de laranja, por exemplo, passaria de tarifas entre 5% e 6% para mais de 55%, tornando o produto inviável no mercado norte-americano.
O álcool etílico, atualmente taxado em 2,5%, passaria a 52,5%, o que, segundo a confederação, pode resultar em queda de 71% nas exportações. Já o café verde, mesmo com imposto de 50%, deve ter recuo menor, de cerca de 25%, devido à escassez global do produto.
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Além do cenário externo, Velini também apontou obstáculos internos ao avanço do setor, como o elevado endividamento público e a necessidade de mais investimentos em pesquisa, logística e energia.
Ele defendeu menor dependência do Estado e mais incentivos ao cooperativismo e associativismo como alternativas sustentáveis de desenvolvimento.