A três dias da entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o governo intensificou as articulações para excluir itens estratégicos da lista, como alimentos e aeronaves da Embraer, conforme publicado pela Folha de S.Paulo.
Segundo o jornal, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tem mantido conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, com o objetivo de preservar esses setores.
O argumento principal é que os produtos têm peso significativo na pauta exportadora e, no caso da Embraer, parte relevante das aeronaves exportadas aos EUA contém componentes fabricados em solo americano.
- ⚡ Investir sem estratégia custa caro! Garanta aqui seu plano personalizado grátis e leve seus investimentos ao próximo nível.
Tarifa de Trump coloca exportações em risco
O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, e cerca de 42% da produção é destinada aos Estados Unidos.
O setor cafeeiro também pode ser impactado: entre janeiro e maio deste ano, os EUA compraram 2,87 milhões de sacas de café do Brasil, o equivalente a 17,1% das exportações brasileiras do produto, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).
Outro ponto sensível é a Embraer, cuja aviação regional tem os Estados Unidos como principal mercado. Atualmente, 45% das exportações de jatos comerciais da empresa têm como destino clientes norte-americanos, além de 70% da produção de jatos executivos.
Em nota, a Embraer afirmou que está “ativamente engajada” na busca de restaurar alíquota zero para exportações de aeronaves para os EUA. “Continuamos confiantes de que os governos brasileiros e dos EUA chegarão a um acordo satisfatório para ambos os países, retomando a isenção de tarifas para o setor aeronáutico”, disse.
Negociação sobre tarifa não inclui concessões políticas
Apesar da frequência dos contatos diplomáticos, as negociações seguem travadas. O prazo final para a entrada em vigor da medida é 1º de agosto. Até o momento, não há indicativo de que o governo norte-americano aceitará adiar ou alterar a imposição das tarifas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Alckmin “todo dia liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”. A posição oficial do governo brasileiro é de que não haverá concessões políticas, como interferência em processos judiciais (em referência ao caso do ex-presidente Jair Bolsonaro) ou flexibilizações em marcos regulatórios, como o das plataformas digitais.
O foco do governo, segundo Lula, é exclusivamente comercial.
Comitiva nos EUA cerca para obter acordo
Uma comitiva de oito senadores brasileiros, liderada por Jaques Wagner (PT-BA), está em Washington tentando sensibilizar congressistas e empresários norte-americanos sobre os impactos da medida. O objetivo é mostrar o peso econômico e a interdependência de setores comerciais entre os dois países.
Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York participando de um evento das Nações Unidas, sem encontros confirmados com integrantes da administração Trump.
Na tarde de segunda-feira (28), o secretário Howard Lutnick declarou que a entrada em vigor das tarifas globais, o que inclui o Brasil, “não será adiada”.
- 🔥 Quem tem informação, lucra mais! Receba as melhores oportunidades de investimento direto no seu WhatsApp.
Fazenda apresenta plano de contenção ao presidente
Enquanto o Itamaraty tenta avançar no campo diplomático, o Ministério da Fazenda apresentou ao presidente Lula diferentes propostas de contenção dos danos.
De acordo com o ministro Fernando Haddad, todos os “cenários possíveis” foram colocados na mesa, mas a decisão final depende da publicação da ordem executiva por parte do governo americano.
Entre as medidas estudadas estão a liberação de crédito subsidiado, a redução de impostos, diminuição de jornada de trabalho em setores afetados e até abertura de crédito extraordinário com injeção direta de recursos.
Também foi avaliada a possibilidade de retaliação tarifária contra produtos norte-americanos, mas a equipe econômica concluiu que essa não seria a melhor resposta para o momento. Ainda assim, o cenário foi apresentado a Lula como alternativa, caso a tarifa seja implementada na forma prevista.