Uma nova legislação foi sancionada pelo presidente Lula, que irá destinar parte dos recursos provenientes de multas de trânsito para custear a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para cidadãos de baixa renda. Esta iniciativa busca oferecer maior acessibilidade ao documento, contribuindo para a inserção de muitos no mercado de trabalho.
A medida, formalizada pela Lei 15.153/2025, tem como base o projeto de Lei 3965/2021, inicialmente discutido na Câmara dos Deputados e posteriormente analisado nas Comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça do Senado, antes de sua aprovação pelo Plenário. Esta norma não só aborda a gratuidade da CNH, mas também introduz novas regras para a digitalização do processo de transferência de veículos.
Como será implementada a CNH gratuita?

Para ter direito à CNH gratuita, os interessados necessitam estar inscritos no Cadastro Único, instrumento utilizado pelo governo para identificar famílias de baixa renda. A introdução desta lei modifica o destino dos recursos obtidos através de multas de trânsito, anteriormente destinados principalmente à manutenção de sinalização e renovação de frotas.
O governo também irá implementar campanhas de orientação para que os possíveis beneficiários saibam como se inscrever e requisitar seu direito à gratuidade. As autoescolas deverão se adaptar para receber esse novo público, a fim de garantir um ambiente de ensino acessível e igualitário.
O impacto social da habilitação gratuita
A gratuidade da CNH para pessoas de baixa renda representa um significativo avanço em políticas de inclusão. Muitos empregos hoje exigem que o candidato possua carteira de motorista, e este pode ser um obstáculo para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Segundo dados do governo, a expectativa é que milhares de pessoas sejam beneficiadas anualmente, promovendo maior mobilidade social e possibilidades de renda. Ao permitir a entrada desses cidadãos no mercado de trabalho formal, o programa tem potencial para reduzir a desigualdade.
Alterações no processo de transferência de veículos
Além da habilitação gratuita, a legislação agora permite que a transferência de veículos seja realizada por meios eletrônicos, trazendo maior eficiência e segurança para compradores e vendedores. O novo sistema exige que o contrato de compra e venda seja autenticado digitalmente, proporcionando mais confiança ao processo.
A vistoria relacionada à transferência também poderá ser realizada virtualmente, por meio de aplicativos ou plataformas regulamentadas pelo poder público. Isso reduz o tempo de espera, minimiza a burocracia e traz benefícios tanto para os profissionais do setor quanto para a população em geral.
Desafios técnicos e adaptações necessárias
Apesar dos avanços, a implementação das novas regras irá exigir adaptações técnicas dos órgãos estaduais de trânsito (Detrans). Será necessário investir em plataformas digitais mais seguras, treinamento de servidores e campanhas de esclarecimento à população sobre os novos procedimentos.
Outro desafio diz respeito à conectividade em áreas remotas, o que pode dificultar o acesso aos serviços digitalizados. O governo já estuda parcerias para melhorar a infraestrutura tecnológica e garantir que todos os cidadãos possam usufruir plenamente das novas facilidades.
Vetos presidenciais e controle estatal
Apesar de suas inovações, a nova lei não foi aprovada sem ajustes. O presidente Lula vetou cinco artigos do texto original, incluindo trechos que permitiam a assinatura digital das transferências por meio de plataformas privadas. Tal decisão visa assegurar que o processo seja supervisionado pelo Estado, garantindo confiabilidade e segurança jurídica.
O veto também propõe que todas as etapas digitais sejam realizadas em sistemas oficiais, reduzindo o risco de fraudes e protegendo dados sensíveis dos cidadãos. Essa medida reforça a importância do controle estatal em processos de tamanha relevância.
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Perspectivas para o futuro da mobilidade e inclusão
Este marco regulatório reflete um avanço significativo nas políticas de inclusão social no Brasil, alinhando-se aos esforços contínuos para democratizar o acesso a serviços essenciais. Além da CNH gratuita, a digitalização de processos de trânsito tende a modernizar a gestão pública e oferecer mais autonomia aos cidadãos.
A expectativa é que, no médio e longo prazo, a iniciativa gere impactos positivos não apenas para beneficiários diretos, mas para toda a sociedade, ao tornar o trânsito mais eficiente e ampliando oportunidades de emprego. A nova lei serve de exemplo para futuras iniciativas no campo da mobilidade e da justiça social.