A economia dos Estados Unidos criou 73 mil empregos em julho, segundo o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta sexta-feira (1º) pelo Departamento do Trabalho. O número veio abaixo da mediana de 101 mil esperada pelo mercado.
Além da criação modesta no mês, os dados anteriores foram fortemente revisados. O total de empregos criados em junho foi reduzido de 147 mil para 14 mil. Em maio, a revisão cortou o número de 144 mil para apenas 19 mil. Com isso, o saldo combinado dos dois meses caiu em 258 mil vagas.
- ⚡ Investir sem estratégia custa caro! Garanta aqui seu plano personalizado grátis e leve seus investimentos ao próximo nível.
A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Beth Hammack, declarou que o relatório “desapontou” e que o mercado de trabalho deve continuar enfraquecendo até o fim de 2025. Ainda assim, ela reforçou que a inflação segue como o principal desafio da política monetária.
Segundo Hammack, a política de juros atual está apenas “ligeiramente restritiva” e o Fed tomará decisões com base nos próximos dados. Até a reunião de setembro, ainda serão divulgados um novo payroll e dois relatórios de inflação.
Desemprego sobe e salário avança, segundo payroll
A taxa de desemprego subiu para 4,2% em julho, ante 4,1% em junho, em linha com as projeções. Já o salário médio por hora aumentou 0,33% na base mensal, superando a expectativa de alta de 0,30%, e chegou a US$ 36,44. Na comparação anual, o crescimento salarial foi de 3,91%.
Apesar da aceleração dos salários, a fraqueza geral do relatório reacendeu as apostas de que o Fed pode iniciar os cortes de juros em setembro.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Segundo monitoramento do CME Group, a probabilidade de corte de 25 pontos-base em setembro subiu de 41% para 55,3%. A chance de manutenção caiu para 44,7%.
Para o fim do ano, o cenário com dois cortes — totalizando 50 pontos-base — passou a ter a maior probabilidade (41,9%), seguido por uma redução única de 25 pontos (32,4%). A chance de três cortes subiu para 17,6%.
Analistas veem enfraquecimento do mercado de trabalho
Para o Jefferies, os dados reforçam uma leitura mais “dovish” da economia americana e poderiam ter ajudado o presidente do Fed, Jerome Powell, a sinalizar cortes de forma mais confiante na última decisão de política monetária. O banco prevê cortes em setembro, novembro e dezembro.
A Capital Economics também avalia que o relatório de julho fortalece os argumentos dos membros do Fed favoráveis a cortes. A consultoria destaca que a média trimestral de criação de empregos caiu para 35 mil — nível considerado sinal de estagnação no mercado de trabalho.
- Fale agora com a Clara, nossa atendente virtual, e tire suas dúvidas sobre investimentos e imóveis: Iniciar conversa
Outro ponto de atenção foi a queda na taxa de participação, que recuou para 62,2%, o menor nível desde 2022. Para a Capital, a mudança pode refletir o impacto de políticas mais restritivas à imigração.
CIBC: guerra comercial começa a afetar emprego
O banco canadense CIBC avalia que a revisão negativa no payroll indica o início de um impacto da guerra comercial nas contratações. “A revisão sugere que o peso da guerra comercial está começando a aparecer”, afirmou em relatório.
Apesar disso, o banco pondera que o Fed ainda aguarda mais dados — especialmente sobre inflação — antes de confirmar qualquer mudança na política monetária.