No início de 2025, a proposta de isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para veículos eletrificados gerou grande expectativa em Minas Gerais. Esta medida legislativa visa estimular a adoção de carros elétricos, híbridos e movidos a etanol, oferecendo isenção total do imposto para modelos que se enquadrem em seus critérios específicos. Contudo, no estágio atual, apenas dois modelos, o Fiat Pulse Audace Hybrid e o Fiat Fastback Audace Hybrid, são elegíveis para o benefício.
Esses veículos são produzidos na planta da Fiat em Betim, e dispõem de motorização híbrida que utiliza o sistema “BioHybrid“. Este sistema combina um motor a combustão com um gerador elétrico alimentado por bateria de íons de lítio, proporcionando assistência adicional em retomadas e partidas, sem tracionar as rodas como um motor elétrico tradicional faria. Contudo, a aplicabilidade inicial da legislação é limitada devido às restrições de fabricação e ao preço estabelecido, que é inferior a R$ 199 mil.
Por que a isenção do IPVA tem restrições específicas?

A política de isenção do IPVA busca incentivar não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também reforçar o setor automotivo regional. O Projeto de Lei 999/2015, recentemente aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, estabelece que somente veículos fabricados no estado, com características específicas de motorização e preço, são elegíveis para o benefício. A intenção é fomentar o desenvolvimento local, criando um cenário favorável para a indústria automotiva em Minas Gerais.
Assim, a política se diferencia de outras iniciativas nacionais ao frisar a priorização das empresas instaladas na região, ampliando a geração de empregos e estimulando a cadeia produtiva local. Mesmo que atualmente a medida beneficie apenas modelos da Fiat, há expectativa de que, com a expansão da produção de veículos híbridos e eletrificados em Minas Gerais, outras marcas também possam ser contempladas futuramente.
Quais são os impactos potenciais para os consumidores e para a indústria?
A estratégia, ainda que restritiva, pode se tornar uma força motriz para a inovação e expansão na indústria automotiva do estado. No curto prazo, o impacto é mais percebido por consumidores de determinadas marcas, como a Fiat, que tem instalações em Minas Gerais. A longo prazo, contudo, há potencial para atrair novos investimentos e competitividade, incentivando outras montadoras a se adaptarem às exigências para se beneficiar dos incentivos fiscais.
Para os consumidores, a economia gerada pela isenção do IPVA pode ser um estímulo importante na decisão de compra de veículos eletrificados, colaborando com a aceleração da renovação da frota automotiva. Já para a indústria, o incentivo fiscal serve como um diferencial competitivo, que pode posicionar Minas Gerais como referência nacional em inovação no setor automotivo.
Como a tecnologia BioHybrid se destaca frente a outros sistemas?
Os modelos que se beneficiam da isenção utilizam um sistema híbrido leve, a BioHybrid, que representa uma modulação entre os modelos tradicionais e totalmente elétricos. Esse sistema, que oferece apoio energético por meio de um gerador elétrico de 12 volts, mostra-se eficaz em reduzir o consumo de combustível e as emissões, sem depender exclusivamente da tração elétrica. Essa tecnologia se alinha com a necessidade crescente de diminuição da pegada ambiental dos veículos sem exigir infraestrutura para veículos elétricos puros.
Diferentemente de outros híbridos convencionais, o BioHybrid utiliza um sistema de eletrificação mais simples e acessível, tornando a tecnologia mais viável para modelos de entrada. Com a popularização dessa alternativa, espera-se que os consumidores tenham acesso a veículos cada vez mais eficientes, reduzindo o impacto ambiental e colaborando com as metas de sustentabilidade propostas por diversos governos.
Possíveis desafios para a expansão da isenção do IPVA
Um dos grandes desafios para a ampliação do benefício diz respeito à infraestrutura produtiva e à disponibilidade de tecnologias avançadas em território mineiro. O alto custo de investimento para a instalação de linhas de produção de veículos híbridos e elétricos pode limitar o interesse de outras montadoras em aderir ao projeto no curto prazo.
Além disso, como a lei estipula um teto máximo para o valor dos veículos elegíveis, algumas marcas com modelos mais caros podem não ser contempladas. No futuro, se houver interesse em tornar a medida mais abrangente, será necessário revisar critérios e adaptar a legislação para alcançar outros segmentos, promovendo ainda mais diversidade e inovação tecnológica no mercado local.
Como a lei influencia políticas nacionais e internacionais sobre veículos limpos?
Globalmente, há um movimento claro em direção à mobilidade sustentável e à redução de emissões de carbono. A legislação mineira se insere nesse contexto mais amplo, onde governos buscam formas de incentivar o uso de tecnologias menos poluentes e apoiar a transição para modelos de transporte mais verdes. Contudo, adaptações locais, como as promovidas por Minas Gerais, são essenciais para reconciliar esse objetivo com as particularidades econômicas e industriais regionais.
A postura conservadora do governo estadual, refletida em restrições específicas, torna-se um modelo estudado por outros estados que pretendem criar incentivos similares. Com isso, Minas Gerais pode se tornar referência ao mesclar incentivos à sustentabilidade, fortalecimento industrial e proteção ao mercado regional, inspirando novos debates sobre a transição energética brasileira.
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Perspectivas futuras para a inovação automotiva em Minas Gerais
A sanção final da legislação depende do governador Romeu Zema, cuja posição sobre carros elétricos tem sido ambivalente, criando um clima de expectativa entre consumidores e fabricantes. Em última instância, a concretização dessa legislação poderá servir de modelo para outras regiões que desejam equilibrar o incentivo à inovação com o fortalecimento econômico local.
Se aprovada e devidamente implementada, a isenção do IPVA em Minas Gerais pode impulsionar a chegada de novas tecnologias, ampliar o portfólio de veículos eletrificados produzidos localmente e transformar o estado em um verdadeiro polo de desenvolvimento automotivo sustentável no Brasil. Esse cenário abriria portas para avanços industriais, geração de novas vagas de emprego e ganhos ambientais relevantes, consolidando Minas Gerais como referência em mobilidade limpa no país.