Apenas no mês de julho houve uma saída de R$ 6,27 bilhões em investimento estrangeiro da Bolsa de Valores brasileira (B3), marcando o pior desempenho mensal desde abril de 2024, quando o saldo foi negativo em R$ 11,1 bilhões, segundo levantamento da Elos Ayta*.
Os números indicam uma inversão na tendência de entradas de capital externo, sinalizando maior cautela dos estrangeiros com o mercado brasileiro desde a escalada das tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos e percepção de risco de investimento no Brasil.
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Confira o saldo mensal de investimento estrangeiro na B3:

Tensões comerciais com EUA influenciam saída
A saída ocorre em meio à tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, intensificada no mês de julho, período em que ganhou força a ameaça de taxação de produtos brasileiros pelo governo norte-americano.
No dia 1º de agosto, as medidas foram confirmadas, com tarifas de 50% sobre parte das exportações.
Embora alguns produtos tenham sido retirados da lista de taxação, o ruído causado pelo episódio foi suficiente para reduzir o apetite de risco dos investidores estrangeiros.
Saldo anual de investimento estrangeiro também recua
O estudo revela que apesar da saída em julho, o saldo de investimento estrangeiro na B3 em 2025 segue positivo:
- R$ 20,64 bilhões com IPOs e Follow-Ons
- R$ 20,08 bilhões sem considerar essas operações
Contudo, o ritmo de compras vem caindo. Em julho, os estrangeiros compraram R$ 271,6 bilhões em ações, abaixo dos R$ 327 bilhões registrados em maio, revelando um pico de entusiasmo com o Brasil neste ano.
As vendas também desaceleraram: foram R$ 278 bilhões em julho, contra R$ 323,4 bilhões em abril, mês em que os estrangeiros mais reduziram posição.
O resultado é um fluxo líquido acumulado mais tênue: em 2025, os estrangeiros compraram R$ 2,06 trilhões e venderam R$ 2,04 trilhões na B3.
Comparativo histórico mostra menor otimismo
O comportamento atual contrasta com os fortes aportes de estrangeiros dos últimos anos. Em 2022, o saldo líquido foi de R$ 119,79 bilhões positivos, considerando IPOs e Follow-Ons. Já em 2024, houve retração de R$ 24,2 bilhões.
Sem considerar ofertas públicas, o dado de 2024 é ainda mais negativo: R$ 32,11 bilhões de saída líquida, representado o maior volume desde 2019.
Para 2025, os números mostram uma recuperação parcial, mas com comportamento mais comedido. O estudo da Elos Ayta destaca que, embora os fluxos ainda estejam positivos, os investidores internacionais demonstram cautela.
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*No estudo foram considerados os fluxos líquidos com e sem IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) e Follow-Ons (ofertas subsequentes).