Além de um diagnóstico incorreto, um dos maiores riscos ao levar o carro para o conserto é ser vítima do Golpe da Peça Falsa. Nele, oficinas desonestas instalam componentes usados, recondicionados ou falsificados, mas cobram do cliente o preço de uma peça nova e original.
Este guia explica como essa fraude perigosa funciona e o que fazer para garantir a segurança e a integridade do seu veículo.
O que é o golpe da peça falsa?
É uma fraude na qual um mecânico ou uma oficina substitui uma peça do carro da vítima por outra de qualidade inferior à que foi cobrada. Isso inclui o uso de peças de segunda mão retiradas de outros veículos (de “desmanche”), peças recondicionadas ou até mesmo falsificações, vendidas como se fossem novas e legítimas.
O objetivo do golpe é aumentar drasticamente a margem de lucro do serviço. Além do prejuízo financeiro para o cliente, a prática representa um gravíssimo risco à segurança, pois componentes vitais, como freios e suspensão, podem falhar.

Como os golpistas aplicam o golpe?
O golpe acontece de forma velada. Após o diagnóstico de um problema, o mecânico apresenta um orçamento baseado no custo de uma peça nova e original de fábrica. O cliente aprova o serviço, confiando no profissional.
No entanto, em vez de comprar o componente legítimo, a oficina adquire uma peça muito mais barata, de origem duvidosa, e a instala no veículo. Como o cliente raramente acompanha o serviço ou tem conhecimento técnico para diferenciar as peças, a troca passa despercebida. A nota fiscal emitida descreve a cobrança de uma peça nova, concluindo a fraude.
Leia mais: A cidade mais inteligente e verde do Brasil está no Sul
Quais são os principais sinais de alerta para não cair?
O principal sinal de alerta é um orçamento com um preço final muito abaixo da média de mercado, especialmente em reparos complexos. Preços “milagrosos” podem indicar o uso de peças de baixa qualidade para baratear o custo.
Desconfie de oficinas que são vagas sobre a marca e a origem das peças que serão utilizadas. A recusa do mecânico em mostrar a peça nova dentro de sua embalagem original e lacrada antes da instalação é uma enorme bandeira vermelha. Se o mesmo problema que foi “consertado” reaparecer em pouco tempo, a causa pode ser uma peça de má qualidade.
Quem é o público-alvo mais comum deste golpe?
Qualquer proprietário de veículo pode ser vítima, mas o golpe é mais comum em carros mais antigos, para os quais há uma maior oferta de peças no mercado de usados. A fraude atinge principalmente clientes que buscam o menor preço e que não questionam a qualidade e a procedência dos componentes que serão instalados em seu carro.
Fui vítima! O que fazer imediatamente após cair no golpe?
Se você desconfia que uma peça de qualidade inferior foi instalada no seu carro, é possível tomar providências legais.
- Exija a nota fiscal detalhada do serviço: A nota é sua principal prova. Ela deve discriminar cada peça utilizada, com sua marca, código de referência e valor, além do custo da mão de obra. Se a descrição for genérica (ex: “kit de embreagem”), exija o detalhamento.
- Peça as peças antigas de volta: É um direito seu, garantido pelo Código de Defesa do Consumidor. A recusa da oficina em devolver as peças velhas é um forte indício de que algo está errado.
- Busque uma perícia ou segunda opinião: Leve seu carro a um mecânico de confiança ou a um perito automotivo para que ele avalie a peça que foi instalada. Um laudo técnico de um segundo profissional é uma prova poderosa para comprovar a fraude.
- Registre uma reclamação no Procon: Com a nota fiscal e, se possível, o laudo técnico em mãos, abra uma reclamação formal no Procon. Vender um produto usado como novo é uma infração grave.
- Faça um boletim de ocorrência (B.O.): A prática pode ser enquadrada como crime de estelionato. Registre um B.O. na Polícia Civil, especialmente se a peça falsa colocou sua vida ou a de sua família em risco.
Dicas de prevenção: como garantir peças e serviços de qualidade
A prevenção exige uma postura mais ativa e questionadora por parte do consumidor. A regra de ouro é: sempre peça para ver a peça nova na embalagem original do fabricante antes que ela seja instalada no seu carro.
Converse abertamente com o mecânico sobre as opções de peças (originais, de reposição de primeira linha e, se for o caso, recondicionadas), entendendo a diferença de preço, qualidade e garantia entre elas. Um profissional honesto será transparente e te ajudará a fazer a melhor escolha para sua segurança e seu bolso.
Mantenha-se seguro e informado
A segurança do seu veículo está diretamente ligada à qualidade de seus componentes. Ser um consumidor informado, que pergunta, que pede para ver e que exige a nota fiscal detalhada, é a melhor forma de garantir que um reparo devolva a confiabilidade ao seu carro, em vez de adicionar um risco oculto.