Existem fraudes que vão além do prejuízo financeiro, causando um profundo e, por vezes, irreparável abalo psicológico. Criminosos se especializaram em táticas que exploram os maiores medos e a vulnerabilidade emocional dos idosos, tornando-os alvos de golpes particularmente perigosos.
Este guia detalha 3 dessas fraudes de alto risco e como a família pode atuar para criar uma barreira de proteção.
A confiança como arma: por que o perigo aumenta com a idade?

Os golpistas focam nos idosos porque sabem que a confiança e o forte laço com a família são características marcantes dessa fase da vida. A abordagem explora o respeito por figuras de autoridade (como um falso gerente de banco), o pânico diante de uma suposta emergência familiar e a solidão, que pode abrir portas para falsos relacionamentos.
A combinação da boa-fé com a menor familiaridade com certas tecnologias ou com a malícia das ruas cria o cenário perfeito para a aplicação de golpes que visam não apenas o dinheiro, mas também o controle psicológico da vítima.
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3 golpes de alto risco que todo idoso (e família) deve conhecer
Fique atento a estas três modalidades de crime, que são extremamente cruéis e podem ter consequências devastadoras.
1. O golpe do acesso remoto (ou “mão fantasma”)
Nesta fraude, o golpista se passa por um funcionário do banco e liga para o idoso alertando sobre uma “invasão” em sua conta. Para “resolver o problema”, ele convence a vítima a instalar um aplicativo de acesso remoto no celular. Com o aplicativo instalado, o criminoso passa a controlar o aparelho da vítima à distância, como uma “mão fantasma”: ele abre o app do banco, faz transferências via Pix, contrata empréstimos e limpa a conta, enquanto a vítima assiste a tudo sem poder reagir.
2. O golpe do falso sequestro
Este golpe aterrorizante começa com uma ligação telefônica. O idoso atende e ouve, ao fundo, uma gravação ou uma pessoa chorando e gritando por “socorro”, simulando a voz de um familiar. Imediatamente, um criminoso assume a chamada, afirma estar com o parente em um cativeiro e exige o pagamento de um resgate via Pix para libertá-lo. Sob o pânico e a pressão psicológica, a vítima é impedida de desligar o telefone para verificar a história e acaba fazendo a transferência.
3. O golpe da chantagem emocional (sextorsão)
Mirando em idosos viúvos ou solitários, o golpista cria um perfil falso em uma rede social ou aplicativo de relacionamento e inicia um romance virtual. Após ganhar a confiança e o afeto da vítima, ele a convence a trocar fotos ou vídeos íntimos. De posse desse material, o tom da conversa muda: o criminoso se torna um agressor e passa a exigir dinheiro, ameaçando enviar o conteúdo para os filhos e netos da vítima caso o pagamento não seja feito.
Construindo um escudo de proteção: o papel da família e da informação
A prevenção a golpes de alto impacto emocional depende fundamentalmente do diálogo e da criação de protocolos de segurança dentro da família.
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- Estabeleça a “Regra do Desligue e Verifique”: Para qualquer ligação alarmante (seja de banco, sobre um sequestro ou de um parente em apuros), a orientação número um é: desligue o telefone. Acalme-se e, em seguida, ligue você mesmo para o número oficial do seu banco ou para o familiar em questão para confirmar se a história é real.
- Crie uma palavra-chave de segurança familiar: Combine uma palavra ou frase secreta que apenas os membros mais próximos da família conheçam. Em uma suposta situação de emergência, oriente o idoso a sempre perguntar pela palavra-chave. Se a pessoa do outro lado da linha não souber, é golpe.
- Nunca instale aplicativos a pedido de terceiros: Deixe claro para seus pais e avós que nenhum banco, empresa ou órgão do governo jamais pedirá para instalar um aplicativo de acesso remoto. Essa solicitação é um sinal inequívoco de fraude.
- Converse abertamente sobre os perigos dos relacionamentos online: O diálogo sobre a vida afetiva na terceira idade precisa incluir os riscos digitais. Alerte sobre perfis falsos e sobre o perigo de compartilhar informações ou imagens íntimas com quem só se conhece pela internet.
- Mantenha um canal de diálogo aberto e sem julgamento: A proteção mais eficaz é garantir que o idoso não sinta medo ou vergonha de contar que recebeu uma ligação ou mensagem suspeita. Acolha, ouça e ajude a verificar, reforçando que a culpa nunca é da vítima.
A dor de cair em um golpe pode ser tão ou mais profunda que o prejuízo financeiro. Proteger os idosos exige um esforço coletivo de informação, paciência e, acima de tudo, de um diálogo familiar que fortaleça a confiança e a segurança, em vez do medo.