Por Rodrigo Luz*
A frase ecoa com uma petulância quase infantil: “A culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser” soa como um grito de liberdade, uma declaração de independência diante das falhas e dos revezes da vida.
Mas, por trás dessa fachada de autonomia, esconde-se uma armadilha sutil, uma dinâmica muito comum: a terceirização da responsabilidade pelas nossas próprias escolhas.
Quantas vezes nos pegamos buscando um bode expiatório quando algo não sai como planejado? É o chefe que não reconheceu nosso talento, a crise econômica que inviabilizou nosso projeto, a falta de apoio que nos impediu de avançar, o trânsito caótico que nos fez perder o prazo, até mesmo o clima instável que atrapalhou nossos planos. A lista de culpados externos é vasta e convenientemente acessível.
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É inegável que fatores externos podem influenciar nossos resultados. O ambiente de trabalho, as condições econômicas e até mesmo o humor alheio têm o seu peso. No entanto, a questão central reside em como reagimos a esses fatores e quais decisões tomamos diante deles.
Achar um culpado fora de nós oferece um alívio imediato, uma fuga da autocrítica que pode ser desconfortável. É mais fácil apontar o dedo para o outro do que encarar nossas próprias limitações, nossos erros de julgamento ou a falta de ação da nossa parte. Nesse jogo de empurra, a culpa se torna uma batata quente que ninguém quer segurar por muito tempo.
No entanto, essa estratégia tem um custo alto. Ao depositar a culpa no exterior, entregamos também o nosso poder de mudar a situação. Se o problema está sempre “lá fora”, a solução também estará, deixando-nos à mercê de circunstâncias que não controlamos. Tornamo-nos vítimas passivas, esperando que o mundo se ajuste às nossas expectativas.
A verdadeira virada de chave acontece quando internalizamos a responsabilidade. Assumir que “isso é meu”, mesmo que a contribuição de fatores externos seja inegável, é um ato de coragem e, sobretudo, de libertação. Dói, admito. Olhar para o espelho e reconhecer nossas falhas, nossas decisões equivocadas ou a nossa inércia pode ser um processo doloroso.
Mas é nesse exato momento que o poder de transformação se manifesta. Se o problema reside em algo que é “meu”, então eu tenho a capacidade de agir sobre ele. Posso aprender com o erro, ajustar minha abordagem, buscar novas soluções e, consequentemente, mudar o meu futuro.
Buscar apoio e compartilhar responsabilidades em um time ou relacionamento é fundamental. Contar com outros pode trazer conforto e novas perspectivas. Mas essa busca por suporte não pode se confundir com a transferência da responsabilidade final pelas nossas próprias vidas e escolhas.
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No final das contas, a vida é uma estrada com muitos imprevistos e desafios. Podemos escolher passar o tempo reclamando do asfalto esburacado e culpando os outros motoristas pelos nossos atrasos, ou podemos assumir o volante, traçar nosso próprio caminho e aprender a dirigir da melhor forma possível, mesmo diante das adversidades.
E você? Em qual papel você se encontra hoje? Está firmemente segurando o volante da sua vida, pronto para fazer as curvas necessárias, ou está apenas no banco de trás, culpando a estrada por cada solavanco? A escolha, no fim das contas, é sempre sua.
*Rodrigo Luz é Diretor Nacional de Expansão da Wiser Investimentos | BTG Pactual.