O dólar fechou esta quinta-feira (14) em alta de 0,28% frente ao real, a R$ 5,42. O movimento ocorreu após a divulgação da inflação ao produtor dos Estados Unidos, que veio acima do esperado e diminuiu as apostas em cortes de juros mais agressivos pelo Federal Reserve (Fed) até o fim de 2025.
O Índice de Preços ao Produtor (PPI) avançou 0,9% em julho e 3,3% na comparação anual, superando as expectativas de 0,2% e 2,4%, respectivamente.
A surpresa na inflação ao produtor levou o Dollar Index (DXY) — que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes — de volta ao patamar acima de 98 pontos, com máxima de 98,322.
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Segundo a Oxford Economics, os bens impactados pelas tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, estão subindo rapidamente de preço, o que pode reduzir a capacidade das empresas de absorver custos. A consultoria avalia que o Fed pode adiar o início da redução de juros para dezembro, dependendo dos próximos dados de inflação e emprego.
Na semana, o dólar ainda registra queda de 0,35%. No mês, o recuo é de 3,28% e, no ano, de 12,35%.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirmou que o real ainda apresenta o melhor desempenho entre moedas emergentes em 2025, impulsionado pela atratividade das operações de carry trade — estratégia em que investidores se beneficiam da diferença de juros entre dois países.
No entanto, ele destaca que novas sanções dos EUA contra autoridades brasileiras e o cenário externo mais incerto aumentam a dificuldade para que o dólar se mantenha consistentemente abaixo de R$ 5,40.
Ferramenta do CME Group mostrou que as chances de corte de juros pelo Fed em setembro caíram para cerca de 92%, ante quase 100% no dia anterior. As apostas de redução de 75 pontos-base neste ano recuaram para menos de 50%.
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Fatores políticos
Falas de Trump sobre o Brasil, criticando as relações comerciais e defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, geraram desconforto, mas não tiveram grande impacto no real, que recuou menos que outras moedas latino-americanas.