Ter um emprego com carteira assinada traz uma série de direitos e benefícios que são fruto de muito esforço. No entanto, criminosos se especializaram em usar esses mesmos direitos — como o FGTS e a filiação a um sindicato — como iscas para aplicar golpes e roubar o dinheiro de quem trabalha.
Este guia detalha 3 fraudes comuns que miram no trabalhador CLT e como proteger sua carreira e seus benefícios.
A rotina como brecha: por que o trabalhador CLT é um alvo?

Os golpistas focam neste público por entenderem suas rotinas e seus anseios. A relação do trabalhador com benefícios governamentais, como o FGTS e o PIS/PASEP, cria uma porta de entrada para golpes de phishing com a promessa de saques liberados.
A ambição natural por crescimento profissional torna o trabalhador, mesmo o que está empregado, vulnerável a falsas propostas de emprego que parecem irrecusáveis. Além disso, a complexidade das obrigações formais, como as contribuições sindicais, é explorada para realizar cobranças indevidas.
Leia mais: Comunicado 13/08 para aposentados do INSS
3 golpes comuns que miram no trabalhador com carteira assinada
As fraudes são desenhadas para parecerem comunicações oficiais ou oportunidades de carreira imperdíveis.
1. O golpe do falso saque do FGTS
Este é o golpe mais difundido. O trabalhador recebe um SMS ou mensagem de WhatsApp, supostamente da Caixa Econômica, informando sobre um valor de FGTS liberado para saque. A mensagem contém um link que leva a um site falso, idêntico ao da Caixa. Lá, a vítima é induzida a inserir seus dados (CPF, senha do app) para “consultar o valor”, entregando o acesso de sua conta aos criminosos.
2. O golpe da falsa vaga de emprego para quem já está empregado
Nesta fraude, um golpista, se passando por um “headhunter” (recrutador), entra em contato com o trabalhador, geralmente pelo LinkedIn, com uma proposta de emprego “sigilosa e irrecusável” em uma grande empresa. O objetivo é extrair dados pessoais sensíveis durante um falso processo seletivo ou, em casos mais diretos, cobrar uma “taxa de avaliação de perfil” para garantir a participação na seleção da vaga, que não existe.
3. O golpe do falso sindicato
Criminosos, se passando por representantes do sindicato da categoria do trabalhador, enviam um boleto falso por e-mail ou Correios. A cobrança é descrita como uma “contribuição assistencial obrigatória”, uma “taxa para homologação” ou para a participação em uma suposta ação judicial coletiva. Muitos trabalhadores, com receio de ficarem irregulares com sua entidade de classe, acabam pagando a cobrança fraudulenta.
Leia mais: Trabalhadores serão afetados com nova regra aos domingos e feriados no dia 1º
Guia de proteção para sua carreira e seus direitos
A melhor defesa contra esses golpes é a verificação e a desconfiança em qualquer contato não solicitado.
- Use apenas os canais oficiais para consultar benefícios: A única forma 100% segura de verificar seu saldo do FGTS ou qualquer outro benefício trabalhista é através dos aplicativos oficiais do governo (como o app FGTS da Caixa), baixados da loja do seu celular, ou dos sites oficiais, digitados por você no navegador. Ignore qualquer link recebido.
- Verifique a legitimidade de qualquer proposta de emprego: Recebeu uma oferta de um recrutador? Pesquise a vaga no site oficial da empresa (na seção “Carreiras”). Verifique o perfil do “headhunter” no LinkedIn – desconfie de perfis recém-criados ou com poucas conexões. Empresas sérias não cobram taxas em processos seletivos.
- Contate seu sindicato diretamente antes de pagar qualquer taxa: Se receber um boleto ou uma cobrança do seu sindicato, não pague. Ignore a mensagem ou o documento e entre em contato com o seu sindicato pelo número de telefone ou e-mail oficial que você já conhece ou que está no site da entidade para confirmar se a cobrança é real.
- Mantenha suas informações profissionais privadas: Tenha cuidado com a quantidade de informações que você expõe em seu currículo público ou em perfis de emprego. Dados como endereço completo e documentos não precisam ser informados antes de uma fase avançada e confirmada de um processo seletivo.
- Desconfie sempre de contatos não solicitados com ofertas “imperdíveis”: Seja cético. Propostas de emprego com salários muito acima do mercado e benefícios que não foram amplamente divulgados na mídia oficial devem ser vistas com extrema cautela.
Seus direitos trabalhistas e sua trajetória profissional são patrimônios valiosos. Ao tratá-los com a mesma segurança que você trata sua conta bancária, desconfiando de “facilitadores” e verificando tudo na fonte oficial, você garante que seu esforço seja recompensado e não explorado por criminosos.