Fornecer o CPF no balcão da farmácia em troca de um desconto se tornou um hábito automático para milhões de brasileiros. No entanto, criminosos estão se aproveitando dessa rotina para aplicar o golpe do falso programa de fidelidade, uma fraude que visa não apenas o seu dinheiro, mas seus dados de saúde.
Este guia detalha como essa fraude de coleta de dados funciona e como proteger suas informações mais sensíveis.
O que é o golpe do falso programa de fidelidade?

É uma fraude na qual golpistas, se passando por funcionários de uma farmácia ou criando um falso programa de benefícios, coletam dados pessoais e de saúde dos clientes de forma indevida. A isca é sempre a promessa de um grande desconto ou a participação em um clube de vantagens exclusivo.
O objetivo do golpe é criar um banco de dados valioso com o histórico de compras de medicamentos das vítimas. Essas informações são depois vendidas na internet ou usadas para aplicar outros golpes muito mais direcionados e perigosos, como a oferta de falsos tratamentos “milagrosos”.
Leia mais: Comunicado 13/08 para aposentados do INSS
Como os golpistas aplicam o golpe
A fraude explora a confiança do cliente e a falta de transparência sobre o uso dos dados.
A Isca do Desconto: A vítima vai à farmácia e, no momento de pagar, o atendente oferece um “desconto especial” se ela participar do “novo programa de fidelidade”.
A Coleta Excessiva de Dados: Para fazer o “cadastro”, o falso atendente ou um formulário online fraudulento pede muito mais do que o CPF. Ele pode solicitar nome completo, data de nascimento, endereço, telefone, e-mail e até mesmo perguntas sobre condições de saúde preexistentes, tudo sob o pretexto de “personalizar as ofertas”.
O Vazamento ou Uso Indevido: Em uma versão do golpe, a farmácia pode ser uma fachada ou ter funcionários de má-fé que vendem essas informações. Em outra, o “programa de fidelidade” é um site de phishing divulgado por um link falso. Com os dados em mãos, os criminosos sabem exatamente quais doenças a vítima trata.
O Golpe Direcionado: Semanas ou meses depois, a vítima, que compra remédios para diabetes, por exemplo, recebe a ligação de um falso “especialista” oferecendo uma “cura revolucionária” e caríssima, em um golpe muito mais convincente, pois é baseado em uma informação real sobre sua saúde.
Quais são os principais sinais de alerta para não cair?
O principal sinal de alerta é um pedido de informações pessoais excessivas para um simples cadastro de desconto. Um programa de fidelidade legítimo raramente precisa de mais do que seu CPF e, talvez, seu e-mail ou telefone.
Desconfie de formulários de cadastro que fazem perguntas sobre suas condições de saúde ou que pedem dados de familiares. Fique atento a programas de desconto que só podem ser acessados através de um link enviado por WhatsApp ou SMS, pois pode se tratar de phishing.
Quem é o público-alvo mais comum deste golpe?
Qualquer consumidor é um alvo, mas a fraude é especialmente perigosa para idosos e pacientes com doenças crônicas. Esses grupos fazem compras recorrentes de medicamentos, o que gera um histórico de dados valioso para os criminosos, e são mais vulneráveis a futuras ofertas de falsos tratamentos de saúde.
Leia mais: Aviso geral 16/08 para quem tem conta ativa no Banco do Brasil
Fui vítima! O que fazer imediatamente?
Se você suspeita que seus dados de saúde foram coletados de forma indevida, é preciso agir para se proteger de golpes futuros.
- Monitore seus dados e contatos: Fique extremamente atento a qualquer ligação, e-mail ou mensagem não solicitada que mencione suas condições de saúde ou ofereça tratamentos médicos. Não forneça mais nenhuma informação.
- Altere senhas importantes: Se você se cadastrou em um site de “fidelidade” falso e usou uma senha que repete em outros lugares, como no seu e-mail, troque-a imediatamente.
- Conteste cobranças indevidas: Se o cadastro fraudulento resultou em alguma cobrança ou assinatura não autorizada, contate seu banco ou a operadora do cartão e peça o bloqueio e o estorno.
- Registre um boletim de ocorrência (B.O.): O vazamento e o uso indevido de dados pessoais e sensíveis são crimes. Vá à delegacia da Polícia Civil e registre a ocorrência.
- Denuncie a prática: Se a fraude partiu de uma farmácia específica, denuncie o estabelecimento ao Procon e à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Dicas de prevenção: como proteger seus dados de saúde
A regra de ouro é: questione a necessidade de cada dado que você fornece. Antes de entregar seu CPF ou outras informações em uma farmácia, pergunte para qual finalidade o dado será usado, com quem será compartilhado e como ele será protegido.
Prefira utilizar os aplicativos oficiais das grandes redes de farmácias para gerenciar seus descontos. Nesses ambientes, a política de privacidade é mais clara. Lembre-se que você tem o direito de recusar a fornecer seus dados.
Suas informações de saúde são alguns dos seus dados mais íntimos e valiosos. Tratá-los com o mesmo nível de segurança que você trata seus dados bancários é fundamental para se proteger de fraudes que podem colocar em risco não apenas seu bolso, mas também o seu bem-estar.