As tarifas de Donald Trump voltaram ao centro do debate econômico e político global. Em um episódio do canal Market Makers no YouTube, “As tarifas de Trump vão salvar ou destruir a economia americana?”, o professor HOC, Heni Ozi Cukier, cientista político e ex-deputado de São Pauo, lança uma crítica direta: “Tarifas criam um imposto sobre o produto importado, mas no fundo são um imposto sobre o consumidor”.
Essa observação destaca como as tarifas vão além de uma medida fiscal. Elas funcionam como um mecanismo de redistribuição de renda dentro da economia, ao retirar poder de compra do consumidor e favorecer o setor produtivo. Esse movimento pode gerar desequilíbrios não apenas no mercado interno, mas também nas relações comerciais com outros países.
Confira:
Por que as tarifas de Trump viraram um dilema global?
A proposta é cobrar mais caro de produtos importados para incentivar o consumo de produtos feitos nos Estados Unidos. Na teoria, isso protege a indústria local. Na prática, a medida pode penalizar países parceiros e consumidores do mundo todo, gerando distorções nos preços.
O professor HOC destaca esse desequilíbrio. A intenção é defender o emprego americano. Mas quem paga a conta? Os países importadores e seus consumidores, que acabam financiando a indústria americana sem obter vantagens.
O que o professor HOC trouxe de novo para o debate?
A crítica é direta: se o mundo inteiro comprar dos EUA para sustentá-los, quem sustenta o restante do planeta? Cukier usa o sarcasmo como ferramenta para alertar sobre o risco de repetir erros do passado, como as tarifas da Lei Smoot-Hawley de 1930, que aprofundaram a Grande Depressão.
A diferença hoje é que a economia global está mais interligada. Mesmo assim, o risco de retaliações, guerras comerciais e pressões inflacionárias continua. HOC sugere cautela ao adotar o discurso do protecionismo sem avaliar seus impactos globais.
Qual o impacto real dessa abordagem na economia mundial?
Se uma potência como os Estados Unidos eleva tarifas para proteger sua economia, o efeito em cadeia é quase inevitável. Países exportadores, como China e Brasil, veem sua competitividade afetada. Preços sobem, cadeias de suprimento sofrem e o consumidor final sente no bolso. O professor HOC observa que esses efeitos podem ultrapassar fronteiras e provocar mudanças no equilíbrio econômico global.
Em vez de incentivar produção interna sustentável, as tarifas podem esconder ineficiências e travar o livre comércio. Segundo Cukier, ao colocar o nacionalismo econômico acima da integração global, cria-se um ambiente instável com efeitos para países em desenvolvimento.
E o Brasil nesse xadrez geoeconômico?
Para o Brasil, que depende da exportação de commodities e da importação de bens industriais, o protecionismo dos EUA representa um desafio. Tarifas mais altas podem inviabilizar acordos comerciais, encarecer insumos e impactar a indústria nacional. O professor HOC afirma que esse tipo de política tende a comprometer relações comerciais e elevar o custo de vida.
Se o Brasil adotasse postura semelhante, enfrentaria custos produtivos mais altos e menor competição. No longo prazo, a população sentiria reflexos em produtos mais caros, empregos mais escassos e crescimento econômico mais lento.