O Federal Reserve (Fed) divulgou a ata de sua última reunião, mostrando que caminho projetado para a taxa básica de juros (federal funds rate) não mudou em relação ao levantamento anterior. A mediana das projeções segue indicando dois cortes de 0,25 ponto percentual na segunda metade de 2025.
As expectativas indicam entre um e dois cortes de juros nos EUA até o fim do ano, reforçando a visão de que a política monetária poderá ser flexibilizada gradualmente.
Inflação, PIB e mercado de trabalho
O índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida do Fed, avançou 2,5% em 12 meses até junho. O núcleo do PCE, que exclui itens mais voláteis, ficou em 2,7%.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA mostrou recuperação no segundo trimestre, após queda no primeiro. O consumo cresceu, mas os investimentos privados desaceleraram.
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Já o mercado de trabalho segue sólido. A taxa de desemprego foi de 4,1% em junho, enquanto os salários cresceram 3,7% em 12 meses, ritmo inferior ao do ano anterior.
Condições financeiras e ativos de risco
Segundo a revisão da equipe técnica do Fed, os rendimentos nominais dos Treasuries pouco mudaram, enquanto os rendimentos reais caíram. As expectativas de inflação subiram, especialmente nos prazos mais curtos, refletindo riscos associados à política comercial.
Os índices acionários subiram, e os spreads de crédito — diferença entre o rendimento de títulos corporativos e os Treasuries — se estreitaram para níveis historicamente baixos. Isso reflete maior apetite por risco, apoiado na melhora da atividade econômica e em sinais de distensão geopolítica.
O índice VIX, que mede a expectativa de volatilidade do mercado de ações, caiu para abaixo da mediana histórica, indicando menor percepção de risco no curto prazo.
Crédito e vulnerabilidades
Além dos cortes de juros nos EUA, o Fed observou que os custos de financiamento de empresas, famílias e governos locais caíram levemente, mas seguem elevados em relação à média do pós-crise financeira de 2008.
As condições de crédito permaneceram estáveis, com disponibilidade ampla para grandes empresas. Já o crédito para pequenas empresas segue limitado, principalmente por menor demanda e custos de empréstimos mais altos.
No setor imobiliário, as taxas de hipoteca de 30 anos continuam próximas das máximas desde a crise de 2008. A inadimplência em empréstimos ligados a imóveis comerciais segue elevada, enquanto as taxas de atraso em cartões de crédito e financiamentos de automóveis estão acima dos níveis pré-pandemia.
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A equipe do Fed classificou as vulnerabilidades do sistema financeiro como “notáveis”. Entre os fatores de risco, citou:
- avaliações de ativos em patamares elevados, especialmente em ações e títulos de alto rendimento;
- endividamento de empresas privadas em crescimento, com queda na capacidade de pagamento;
- maior exposição de bancos a riscos de taxa de juros, apesar de níveis robustos de capital;
- alocação crescente de seguradoras e fundos de hedge em ativos mais arriscados;
- fundos do mercado monetário e alternativas como stablecoins ainda vulneráveis a saques rápidos.
Reservas e liquidez
O Fed destacou que a recomposição do caixa do Tesouro (TGA) e a emissão de novos títulos devem elevar as taxas de curto prazo, reduzindo o uso da ferramenta de recompra reversa (ON RRP). Isso deve levar à primeira queda sustentada das reservas bancárias desde 2022.