O dólar fechou esta quarta-feira (20) em queda de 0,51% frente ao real, a R$ 5,47, após duas sessões seguidas de valorização que haviam levado a moeda a superar R$ 5,50.
Segundo operadores, a desvalorização da moeda americana no exterior, em meio a apostas de corte de juros nos Estados Unidos, abriu espaço para ajustes e realização de lucros no câmbio brasileiro.
Parte do mercado avalia que o aumento dos prêmios de risco, causado pelas tensões entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo Donald Trump, já está refletido na taxa de câmbio.
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Na semana passada, o real rompeu o piso de R$ 5,40, mas voltou a se afastar desse nível. Analistas alertam, porém, que uma reação mais forte de Washington à decisão do ministro Flávio Dino — que determinou que leis estrangeiras só têm validade no Brasil após homologação da Justiça local — pode gerar nova pressão sobre o real. A medida, na prática, retira efeitos da chamada Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
Sem novos gatilhos internos, o câmbio acompanhou o movimento global. O real, que havia sido a moeda emergente mais pressionada no pregão anterior, liderou os ganhos nesta sessão.
Em entrevista ao Broadcast, o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, disse que o desempenho do real continua mais ligado ao comportamento do dólar no exterior do que às tensões diplomáticas.
Segundo ele, o recuo de ontem refletiu dúvidas sobre o impacto das sanções dos EUA contra Moraes nos bancos brasileiros, mas outras moedas emergentes também se desvalorizaram. Hoje, a correção foi no sentido oposto.
Fed e cenário de juros nos EUA
No exterior, o mercado repercutiu novas críticas do governo Trump ao Federal Reserve (Fed). Pela manhã, o presidente do conselho da Agência Federal de Financiamento Habitacional, William Pulte, acusou a diretora do Fed Lisa Cook de fraude hipotecária, pressionando ainda mais a autoridade monetária.
À tarde, a ata do Fed indicou preocupação com o impacto inflacionário das tarifas impostas por Trump, mas não trouxe efeito relevante para o real.
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Mesmo assim, as apostas em corte de juros em setembro permanecem elevadas, acima de 80%, de acordo com dados do CME Group. O foco agora se volta para o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira (20).
Confira o gráfico DXY — mede o desempenho do dólar norte-americano frente a uma cesta de moedas estrangeiras — (em tempo real):