O dólar fechou esta sexta-feira (22) em queda de 0,97% frente ao real, a R$ 5,42. O movimento refletiu declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole, que sinalizaram a proximidade do início de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.
No discurso, Powell destacou maior preocupação com o enfraquecimento do mercado de trabalho americano do que com um possível aumento da inflação, que pode ser pressionada pelas tarifas defendidas pelo presidente Donald Trump.
A avaliação foi interpretada pelos investidores como um sinal de política monetária mais flexível, elevando a expectativa de corte de juros já na reunião do Fed em setembro.
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A fala de Powell desencadeou um movimento global de apetite ao risco. Investidores venderam dólares e buscaram ativos de maior retorno, como ações e moedas emergentes.
O real, apesar de valorizado, teve desempenho inferior ao rand sul-africano e ao peso colombiano, moedas que também se beneficiaram do fluxo internacional.
Mesmo com a queda de hoje, o dólar encerrou a semana com alta de 0,52%, sustentada pela disparada de terça-feira (19), quando tensões políticas entre Brasil e EUA aumentaram após sanções americanas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Dollar Index e apostas do mercado
O Dollar Index (DXY), que mede a força da moeda americana frente a seis divisas fortes, recuou quase 1% nesta sexta e acumula queda de mais de 2% em agosto. Confira o gráfico DXY (em tempo real):
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Ferramenta do CME Group aponta que a probabilidade de corte de 25 pontos-base em setembro passou de 70% para mais de 90%. A expectativa majoritária é de um corte acumulado de 50 pontos-base até o fim do ano.
A Capital Economics avalia que o discurso de Powell consolidou as apostas de corte em setembro e prevê reduções adicionais em 2025. No entanto, a consultoria destaca que os esforços de Trump para influenciar o Fed podem se tornar um fator de tensão para os mercados.
Pressão política sobre o Fed
A política monetária dos EUA também está sob pressão política. O presidente Donald Trump tem defendido cortes mais agressivos e chegou a ameaçar a diretora do Fed Lisa Cook, acusando-a de fraude hipotecária.
Esse embate eleva a incerteza para investidores, já que uma percepção de influência política sobre o Fed pode afetar a confiança nos ativos de risco.