No cenário econômico atual, a busca por crédito por parte dos brasileiros mostra uma tendência de aumento contínuo. De acordo com o Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian, o mês de junho de 2025 evidenciou um crescimento significativo de 8,9% na demanda em comparação com o ano anterior. Destacam-se principalmente os grupos com rendas de até um salário mínimo, que apresentaram uma alta de 12,3%, e aqueles com rendas entre um e dois salários, cujo aumento foi de 14,0%.
Sobretudo para as famílias de menor renda, ainda há desafios em encontrar um equilíbrio orçamentário devido ao aumento contínuo de custos com serviços essenciais como energia elétrica e água, mesmo diante de uma desaceleração recente nos preços dos alimentos. Essa situação impulsiona o uso do crédito não apenas como um meio de complementar a renda, mas também como ferramenta para renegociação de dívidas. Atualmente, o número de brasileiros inadimplentes atingiu o recorde de 77,9 milhões, evidenciando essa necessidade.
Ao mesmo tempo, a oferta de novos produtos financeiros e a digitalização bancária têm facilitado o acesso ao crédito, principalmente entre os consumidores mais jovens e conectados, potencializando a expansão do mercado de crédito. A crise econômica provocada por fatores externos também tem contribuído para uma maior cautela nas finanças pessoais, estimulando o uso consciente dos recursos disponíveis.
Por que a demanda por crédito está alta entre consumidores de alta renda?

O aumento da demanda por crédito não se limita às faixas de renda mais baixas. Entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos, o crédito tem sido utilizado como estratégia de reorganização financeira e também para antecipar consumo. Esse comportamento indica que consumidores de alta renda buscam oportunidades de investimento e proteção patrimonial em períodos de incerteza.
Além disso, muitas famílias de alta renda recorrem ao crédito para aproveitar condições favoráveis oferecidas por instituições financeiras, ampliando seu poder de compra sem comprometer suas reservas imediatas. A busca por diversificação de investimentos e acesso a linhas de crédito mais vantajosas são outros pontos que impactam esse comportamento.
Tais estratégias mostram que o crédito assume um papel multifacetado, tanto para cobrir necessidades emergenciais quanto para viabilizar planejamentos financeiros mais elaborados. A presença de produtos personalizados e linhas exclusivas reforça essa tendência no mercado brasileiro.
Como o crédito afeta a vida das famílias de baixa renda?
Nas faixas de menor renda, o crédito é frequentemente a única alternativa para cobrir despesas essenciais, sobretudo diante da elevação dos custos de vida e do aperto orçamentário. O acesso facilitado a cartões, empréstimos e financiamentos ganha destaque para quem enfrenta dificuldades para manter o equilíbrio financeiro.
No entanto, a contratação de crédito sem planejamento pode gerar um ciclo de endividamento problemático, especialmente diante de altas taxas de juros. Por isso, a educação financeira torna-se fundamental para orientar escolhas e promover o uso consciente desses recursos.
Programas de renegociação e orientação financeira oferecidos por bancos e órgãos de defesa do consumidor têm sido incrementados, buscando evitar a inadimplência e ampliar o acesso a informações seguras por parte desse público.
Quais estados lideram a demanda por crédito no Brasil?
Em termos regionais, praticamente todo o Brasil demonstrou aumento na demanda por crédito durante junho, exceto Goiás, que apresentou uma queda de 3,2%. Estados como Amazonas, Alagoas e Tocantins lideraram com altas de 18,5%, 18% e 17,3%, respectivamente, refletindo demandas distintas entre as unidades federativas.
A expansão do crédito nesses estados pode estar atrelada tanto ao crescimento econômico local quanto à maior oferta de produtos financeiros. Incentivos estaduais e programas federais também podem influenciar diretamente essas variações.
Ao mesmo tempo, regiões que enfrentam retração revelam a importância de políticas públicas e ações de estímulo econômico ajustadas às necessidades específicas de seus habitantes, reforçando a importância da análise regionalizada do crédito no país.
Como a inadimplência e renegociação impactam o mercado de crédito?
O recorde de 77,9 milhões de brasileiros inadimplentes evidencia a pressão sobre o sistema financeiro e a necessidade de alternativas para renegociação de dívidas. O aumento desses números acende um alerta para o risco sistêmico e estímulo a práticas de concessão mais restritivas.
Diante desse cenário, instituições financeiras têm ampliado programas de renegociação e criado parcerias com órgãos públicos para reabilitar economicamente consumidores negativados. Ferramentas digitais facilitaram a negociação, tornando o processo mais acessível e menos burocrático.
O equilíbrio entre concessão responsável e inclusão financeira é crucial para que o crédito exerça seu papel de dinamizador da economia, sem comprometer a saúde financeira das famílias e das instituições.
Transformações digitais e tendências do setor de crédito
A digitalização do setor financeiro, impulsionada por fintechs e bancos digitais, tem ampliado o acesso ao crédito e diversificado as opções disponíveis para o consumidor brasileiro. A tecnologia permitiu maior agilidade nas análises de perfil e redução de custos operacionais.
Inovações como análise de dados em tempo real, inteligência artificial e open banking ampliam as possibilidades de personalização de produtos, facilitando o ajuste do crédito às necessidades específicas dos clientes.
Essas transformações favorecem a inclusão de populações antes marginalizadas do sistema tradicional, além de facilitar o acompanhamento e a oferta de melhores condições de acordo com o comportamento de consumo.
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Metodologia do indicador e o papel da Serasa Experian
A metodologia do Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito se baseia em uma amostra representativa de CPFs consultados mensalmente, refletindo relações reais entre consumidores e instituições financeiras. O índice, com base 100 na média de 2024, é segmentado por unidade federativa e classe de rendimento mensal.
Esse rigor metodológico permite uma leitura apurada e confiável dos movimentos do mercado de crédito, subsidiando decisões de políticas públicas e privadas de crédito e prevenção à inadimplência.
A Serasa Experian, líder em análise de crédito, investe continuamente em inovação e segurança, buscando tanto democratizar o acesso ao crédito quanto aumentar a prevenção a fraudes. Sua relevância global reforça o compromisso em equilibrar oportunidades de crescimento com práticas responsáveis e transparentes no mercado financeiro.