O especialista Fernando Ulrich (canal YouTube com mais de 800 mil inscritos) alerta em seu vídeo “O real digital Drex vem em 2026, é preciso se proteger?” que o Drex não permitirá ao governo criar contas digitais diretamente para os cidadãos. Ele é um projeto restrito ao sistema financeiro institucional, onde apenas instituições autorizadas, como bancos, fintechs e cooperativas, terão acesso direto à infraestrutura digital.
Segundo Ulrich, essa separação entre varejo e atacado é fundamental para preservar a privacidade dos usuários. Como o Drex não prevê abertura de contas individuais no Banco Central nem acesso direto ao saldo dos cidadãos, não há meios técnicos para rastrear o comportamento financeiro da população. Isso afasta o temor de que a moeda digital brasileira se torne uma ferramenta de vigilância ou controle estatal.
Confira:
Por que o Drex, Real Digital, será uma CBDC de atacado?
Fernando Ulrich explica que o Drex está sendo desenvolvido como uma moeda digital de banco central (CBDC na sigla em inglês) de atacado, ou seja, voltada apenas para instituições financeiras, e não para pessoas físicas. Com isso, não haverá movimentação de contas diretamente entre cidadãos e o Banco Central. O sistema será operado por intermediários, como bancos e instituições autorizadas.
Essa arquitetura, segundo Ulrich, evita riscos de controle direto da população por parte do Estado e garante maior segurança no tráfego de informações. Para ele, o foco do Drex está em modernizar os bastidores do sistema financeiro nacional, e não em alterar a relação direta entre o cidadão e o dinheiro.
O que mudou no modelo tecnológico do Drex?
Inicialmente, o Drex foi idealizado sobre blockchain e tecnologias de registro distribuído, mas, conforme pontua Fernando Ulrich, a abordagem evoluiu para algo mais fechado, devido à complexidade regulatória e preocupações com sigilo bancário. A infraestrutura atual não será uma blockchain pública, mas sim um sistema mais centralizado e compatível com as exigências do mercado tradicional.
Ainda segundo Ulrich, a proposta original de tokenização ampla e contratos inteligentes foi adiada ou redimensionada. O objetivo agora é garantir uma base segura e funcional para o sistema financeiro, sem comprometer o sigilo de dados nem correr riscos tecnológicos desnecessários nesta primeira fase.
Se Drex é privado e institucional, haverá risco de controle ou monitoramento?
De acordo com Fernando Ulrich, não há motivo para preocupação exagerada. O Drex não terá acesso direto às contas dos cidadãos e respeita tanto a LGPD quanto o sigilo bancário. Ele reforça que o projeto atual não tem relação com uma estrutura de monitoramento estatal, como muitos temem.
Além disso, Ulrich esclarece que o Drex não substituirá o dinheiro em espécie. A ideia é criar uma camada digital segura dentro do sistema institucional, sem alterar o direito do cidadão de usar papel-moeda. Isso reforça que o Drex é apenas mais uma opção para transações institucionais e financeiras.
Qual é a utilidade prática do Drex hoje?
Fernando Ulrich destaca que o Drex está sendo testado como uma ferramenta para reconciliação de gravames, ou seja, para garantir que um bem usado como garantia não seja duplicado em outras operações. Essa função tem grande valor para o sistema bancário, pois reduz fraudes e acelera o crédito.
Segundo ele, isso mostra que o Drex tem um papel técnico bem definido, sem interferência no cotidiano da população. Seu uso será percebido indiretamente, por meio de processos mais ágeis e seguros no sistema bancário e financeiro.
Quando o Drex vai surgir para o público e como ele se relaciona com o Pix?
No vídeo, Fernando Ulrich explica que o Drex ainda está em fase de testes e sua implementação definitiva só deve ocorrer após 2026. O Banco Central optou por uma abordagem gradual e segura, priorizando a estabilidade do sistema.
Ele também faz uma distinção clara entre o Drex e o Pix. Enquanto o Pix é voltado ao cidadão, o Drex atuará nos bastidores das instituições financeiras. Portanto, não há sobreposição de funções e nem concorrência entre os dois sistemas.
E por que essa preocupação com tokenização e contratos inteligentes?
Ulrich lembra que, em sua concepção original, o Drex permitiria a tokenização de ativos como imóveis, automóveis e contratos diversos. Isso facilitaria negócios e eliminaria intermediários, tornando o sistema mais eficiente.
Contudo, ele reconhece que essa fase ainda está distante e requer maturidade regulatória e tecnológica. Por isso, o foco atual está na infraestrutura básica, deixando funcionalidades mais avançadas para o futuro.
O Drex pode realmente modernizar o sistema financeiro?
Na visão de Fernando Ulrich, sim. O Drex representa uma evolução importante da estrutura bancária brasileira. Ao permitir maior automação, rastreabilidade de garantias e padronização de processos, ele pode tornar o sistema mais ágil e transparente.
Ulrich também aponta que o Drex posiciona o Brasil de forma competitiva frente a outros países que estão estudando ou testando suas próprias moedas digitais, sempre com foco institucional e não varejista.
Ainda vale se preocupar com privacidade ou controle estatal?
Fernando Ulrich é enfático ao afirmar que, no modelo atual, o Drex não oferece riscos relevantes à privacidade. Como não há vínculo direto entre o cidadão e o Banco Central, e o sistema respeita a legislação vigente, o controle estatal sobre finanças pessoais é praticamente inexistente.
Ele reforça que qualquer mudança nesse cenário dependeria de alteração no modelo institucional e em leis já consolidadas, o que tornaria o processo complexo e passível de debate público.
Por que isso importa para você?
O Drex poderá afetar positivamente seu dia a dia, mesmo sem contato direto com a tecnologia. Fernando Ulrich lembra que serviços financeiros mais eficientes, rápidos e baratos tendem a surgir com a modernização da infraestrutura.
Mesmo que o cidadão comum não veja o Drex no aplicativo do banco, ele sentirá os efeitos dessa transformação na forma como acessa crédito, realiza pagamentos ou lida com instituições financeiras no futuro.