Na última semana, veio à tona a Operação Carbono Oculto, um esquema de lavagem de dinheiro que levantou preocupações sobre a presença do crime organizado no mercado financeiro brasileiro.
Segundo investigações, o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria utilizado esquemas de fraude em impostos sobre combustíveis para movimentar bilhões de reais por meio de fintechs, fundos de investimento e bancos.
Hoje, a indústria de fundos de investimento no Brasil administra cerca de R$ 10 trilhões em patrimônio líquido, valor equivalente a 85% do Produto Interno Bruto (PIB). A suspeita de que parte desse capital possa ter sido contaminado por recursos ilícitos causa preocupações sobre a integridade do sistema.
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No novo episódio do podcast Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica como funciona o esquema de lavagem de dinheiro e os desdobramentos da operação.
Confira o vídeo:
Como funciona a lavagem de dinheiro?
O processo de lavagem de dinheiro ocorre em três etapas:
- Colocação: inserção do dinheiro ilícito no sistema, por meio de depósitos, compras de bens ou aplicações financeiras;
- Ocultação: movimentação dos valores entre contas, empresas de fachada e fundos, dificultando o rastreamento;
- Integração: retorno do dinheiro ao mercado como se fosse legítimo, podendo financiar empresas, imóveis ou investimentos diversos.
Instituições financeiras são obrigadas a aplicar o princípio do KYC (Know Your Client), que significa “conheça seu cliente”. Essa prática, prevista na Lei 9.613/1998, exige que bancos e gestoras monitorem operações suspeitas e comuniquem irregularidades às autoridades.
Repercussão no governo
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a operação é uma das maiores já realizadas contra o PCC e destacou que o crime organizado atua também na economia formal, incluindo combustíveis e o mercado financeiro.
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Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a necessidade de “secar os recursos” das organizações criminosas, estrangulando financeiramente suas atividades. Segundo ele, a ação não é somente de segurança pública, mas de justiça social, exigindo integração entre órgãos de fiscalização e regulação.
Gestoras citadas
Entre as instituições mencionadas na investigação estão a Transti DTVM e a Reag Investimentos, já envolvidas em episódios controversos no mercado.
A Transti esteve ligada ao caso da Ambipar, em que a forte valorização das ações levantou suspeitas de manipulação. Já Reag assumiu o controle da GetNinjas após a queda do valor de mercado da empresa, o que gerou perdas relevantes para investidores.