Diante da crise financeira que enfrenta, os Correios podem recorrer ao Tesouro Nacional para resolver a falta de dinheiro em caixa para o pagamento de salários e despesas básicas até o fim deste ano.
O pedido transformaria a estatal em uma empresa estatal dependente — estatais que precisam de verba do governo, como, por exemplo, a Conab —, obrigando o governo a incluir seus gastos no Orçamento Federal.
Se confirmada a dependência, a União teria de acomodar cerca de R$ 20 bilhões em despesas dos Correios dentro do teto de gastos, exigindo cortes em políticas públicas, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Simulações já indicam que os Correios podem enfrentar problemas de caixa já em outubro. Como alternativa, estuda-se um aporte menor, entre R$ 5 bilhões e R$ 8,7 bilhões, para cobrir o patrimônio líquido negativo.
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Apesar do quadro, autoridades do Executivo resistem a admitir a possibilidade de um aporte. Em junho, quando os Correios alertaram para a situação, a equipe econômica afirmou não haver espaço no Orçamento. Ainda assim, técnicos reconhecem que o aporte pode se tornar inevitável diante da velocidade de deterioração financeira.
Em nota, a estatal afirmou que salários e operações estão garantidos e que medidas de contenção de despesas, venda de ativos e programas de demissão voluntária estão em andamento.
Os Correios já recorreram a empréstimos de R$ 1,8 bilhão junto a Citibank, BTG Pactual e ABC Brasil, com pagamento previsto para 2026. Porém, já acumulam cerca de R$ 600 milhões em dívidas com fornecedores e enfrentam pressão de empregados por reajustes salariais, o que aumenta o risco de greve.
A empresa também negocia um empréstimo de R$ 4 bilhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do Brics) para financiar modernização. O contrato, no entanto, depende de aval da União, que só será concedido se houver comprovação de capacidade de pagamento — cenário hoje considerado improvável.
Prejuízos crescentes dos Correios
No primeiro semestre de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,37 bilhões, três vezes maior que em 2024. Somente no segundo trimestre, o rombo chegou a R$ 2,64 bilhões.
O resultado tem sido pressionado por decisões judiciais, pelo déficit do fundo de pensão Postalis e pela perda de receitas com a implementação do programa Remessa Conforme, que reduziu a entrada de pequenas encomendas pela estatal.
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Pressão política na governança
A crise financeira também afeta a governança da estatal. O presidente Fabiano Silva dos Santos entregou sua carta de demissão em julho, mas a saída ainda não foi oficializada. O cargo é disputado por grupos políticos do União Brasil e do PT, e há quem condicione a sucessão à garantia de socorro do governo.