A expectativa de cortes na taxa de juros no Brasil pode fortalecer o mercado de ETFs (fundos de índice). Um início no ciclo de cortes — que provavelmente começará a partir do 1° trimestre de 2026 — incentivaria investidores a buscarem alternativas de diversificação e, consequentemente, fortaleceria os ETFs.
Apesar do crescimento recente, o Brasil ainda engatinha no mercado quando comparado com outros países. Pouco explorado, movimenta cerca de R$ 62 bilhões, enquanto globalmente já soma US$ 17 trilhões, de acordo com estudo do J.P. Morgan.
Durante o segundo dia do ETF Week 2025, promovido pela B3, em São Paulo, nesta terça-feira (16), Eduardo Leal, Portfolio Manager da XP, afirmou que os números relativamente baixos continuam atrelados a falta de conhecimento dos investidores.
- Veja como um analista acumulou R$ 113 mil operando commodities — clique aqui e descubra como você pode seguir essa estratégia.
Para ele, muitos brasileiros não entendem o funcionamento operacional dos ETFs, o que faz com que prefiram ativos tradicionais, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário).
ETFs de renda fixa ainda buscam mais adesão
Durante painel, Leal explicou que nem mesmo os ETFs de renda fixa alcançaram uma adesão maior no país até o momento, apesar da forte procura dos investidores brasileiros por ativos desta classe.
“O desconhecimento sobre a categoria afeta o potencial de crescimento, em especial dos ETFs de renda fixa, cujo volume ainda é reduzido em comparação ao tamanho do mercado”, disse.
A visão também é compartilhada por Ana Rodela, CIO na Bradesco Asset Management. “O mercado brasileiro é muito voltado para renda fixa, mas a proporção dos ETFs de renda fixa em relação ao total ainda é baixa”, comentou.
Para os próximos meses, é esperado que haja uma nova janela de crescimento para os ETFs em meio a expectativa por juros menores no Brasil.
O início do ciclo de cortes na taxa Selic pode vir como um propulsor para a classe, principalmente para aqueles ETFs de long duration — títulos de renda fixa de longo prazo, que se valorizam em cenários de queda dos juros.
- A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Comparação com mercados maduros
O nítido contraste com mercados mais maduros também pôde ser observado no estudo J.P. Morgan. O banco norte-americano apontou que cerca de US$ 12 trilhões dos US$ 17 trilhões movimentados em ETFs no mundo, estão nos EUA.
Dados da provedora de análises, Morningstar, apontam que em 2025 já existem mais ETFs negociados nos EUA do que ações listadas em Bolsa. E cerca de 70% dos investidores utilizam a classe pensando em previdência.
O mercado, no entanto, é nichado, alerta Ben Jones, head de Licenciamento de Índice nas Américas da Nasdaq.
“Temos 4300 ETFs nos EUA em um mercado de mais de US$ 12 trilhões, mas quase um terço desse valor está concentrado em apenas 10 ETFs”, explicou Jones.
Novas oportunidades por meio de regulação
A regulação do setor também foi tema de discussão durante a ETF Week. A Resolução CVM 179 foi citada por Marco Velloso, Superintendente da CVM e Daniel Maeda, Superintendente Jurídico da B3, como um divisor de águas para o setor, ao trazer mais transparência à remuneração de assessores de investimento.
Para os executivos, a próxima fronteira está em ETFs ligados ao crédito privado e em estruturas temáticas, que buscam atender diferentes perfis de risco.
“O ETF será o futuro da alocação”, afirmou Danilo Gabriel, sócio da XP Asset, ao destacar o potencial de diversificação e internacionalização da carteira do investidor brasileiro.
- Casa, comércio ou indústria: todos podem economizar no mercado livre de energia. Descubra como!
Com 20 anos de história no Brasil, os ETFs ainda representam uma fatia pequena do mercado local, mas especialistas veem um caminho de crescimento.
“Há oito anos atrás já víamos um mercado muito ativo no mundo, mas agora, no Brasil, estamos começando a usar os ETFs na base da carteira”, opinou Cauê Mançanares, CEO da Investo.









