O Ibovespa voa nesta super quarta (17) e já ultrapassa a marca dos 145.700 pontos no pregão, recorde absoluto para o principal índice da Bolsa de Valores brasileira. No ano, a valorização já supera os 21% (quase 25 mil pontos acumulados somente em 2025).
O head de renda variável da Wiser | BTG Pactual, Carlos Bedicks, atribui o rali da Bolsa a uma combinação de fatores: valuations descontados, expectativa de cortes da Selic, real mais fraco, fluxo estrangeiro e o desempenho das small caps.
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Em contato com o Monitor do Mercado, Bedicks destacou que essas inúmeras variáveis. “O desconto dos ativos atraiu investidores que viram valor em ações baratas frente a outros mercados. Além disso, a perspectiva de juros menores nos EUA trouxeram fluxo para o país”, afirmou.
A seguir, os principais motivos e como eles atuam sobre o mercado.
Papel do valuation nos preços
Ao comparar o preço das ações em relação a indicadores como preço sobre o lucro (P/L) os investidores encontram valuations atrativos na Bolsa brasileira.
“Os investidores são atraídos por “oportunidades de valor” aqui, quando comparamos com ciclos anteriores ou a outros emergentes”, comenta Bedicks.
O especialista explica que a percepção de “desconto” se intensificou após períodos de aversão ao risco, criando oportunidade para investidores que avaliam os ganhos potenciais frente às alternativas de renda fixa.
Expectativa de cortes nos juros valorizam ações
Com a inflação relativamente estabilizada, cresceu a expectativa por cortes na taxa básica de juros, a taxa Selic, e segundo Bedicks, quando o mercado espera por reduções nos juros, o custo de capital cai.
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Além disso, uma mudança altera dois pontos principais:
- Reduz a taxa de desconto usada para transformar fluxos futuros de caixa em valor presente, elevando o preço justo das ações;
- Torna ativos de renda fixa menos atrativos, incentivando realocação para ações.
Câmbio e cenário externo favorecem o Ibovespa
A desvalorização do real beneficia investidores externos de duas formas. Primeiro, ao comprar ativos em reais e depois converter ganhos para dólar, há um ganho adicional se o câmbio se mantiver desfavorável ao real — o chamado “bônus cambial”.
Segundo, empresas exportadoras tendem a se beneficiar porque receitas em dólar se valorizam em reais, o que melhora margens e lucros reportados.
Bedicks ressalta que esse efeito tem atraído capital estrangeiro, que procura ampliar posições em mercados emergentes com potencial de rendimento maior do que ativos desenvolvidos.
Outro fator vindo de fora do país está na expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) — que se confirmou nesta super quarta — o que reduz os rendimentos dos Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA e amplia a atratividade relativa de ativos emergentes.
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Peso das small caps no Ibovespa
As empresas de menor capitalização na Bolsa, as small caps, também exercem influência sobre o principal índice brasileiro. Elas costumam ter maior sensibilidade ao ciclo econômico e maior volatilidade.
No atual contexto, com juros em rota descendente e apetite por risco, investidores migraram parte da carteira para small caps em busca de ganho de crescimento relativo. O forte desempenho desses papéis contribuiu de modo relevante para a alta agregada do Ibovespa.
Projeções para o último trimestre
Bedicks ressalta que a sustentação desse rali de alta depende de variáveis observáveis: manutenção das expectativas de cortes de juros, estabilidade do câmbio e ausência de choques fiscais relevantes.
Riscos como deterioração das contas públicas, revisão de cenário político ou choque externo que eleve os juros globais podem reverter o apetite por risco.
Na avaliação do especialista, nos parâmetros atuais, o Ibovespa tem espaço para encerrar o ano em patamar entre 150 mil e 160 mil pontos, desde que não ocorram surpresas fiscais e o ambiente externo permaneça favorável.
Em cenários mais benignos — com cortes mais acentuados de juros nos EUA e resultados corporativos robustos — o índice pode superar esse intervalo.









