A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou o posicionamento do Banco Central sobre sustentar a taxa de juros brasileira (Selic) em patamar elevado por um período prolongado até que a inflação volte para o centro da meta.
O documento divulgado nesta terça-feira (23) mostrou que na última reunião, quando decidiram manter a Selic em 15% ao ano, o colegiado reconheceu sinais de desaceleração nos preços, mas ainda com expectativas desancoradas e núcleos de inflação pressionados.
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Incerteza externa e riscos domésticos
Na avaliação do Copom, o cenário global segue incerto, principalmente devido à política monetária nos Estados Unidos e às recentes medidas tarifárias anunciadas pelo país.
No Brasil, as preocupações estão ligadas ao mercado de trabalho aquecido, às expectativas fiscais e à disciplina das contas públicas, fatores que podem dificultar o processo de desinflação.
O colegiado afirmou que permanece vigilante e não descarta retomar o ciclo de alta da Selic, caso identifique riscos maiores ao controle da inflação.
Reações do mercado após a ata do Copom
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a ata confirma a leitura de que a taxa básica deve permanecer estável até meados de 2026.
Ele ressalta que o Banco Central fala agora em um “período de estabilidade” da Selic, mas ainda sinaliza disposição de elevar os juros novamente se julgar necessário.
“Não é surpreendente, mas é um discurso bastante duro. Já havíamos avaliado o comunicado com um tom duro e agora o Copom reafirmou esse tom de rigidez”, afirma Sanchez.
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Já Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, avalia que o documento afasta qualquer chance de cortes no curto prazo.
Ele prevê início gradual de flexibilização apenas em 2025, possivelmente a partir de março, com a Selic podendo recuar até 12% após cortes sucessivos.
Projeções de inflação mantidas
O Copom manteve suas projeções, assim como divulgado no comunicado da última quarta-feira (17): inflação de 4,8% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,4% no primeiro trimestre de 2027, todas acima da meta de 3%.
O comitê destacou que, embora haja sinais de moderação na atividade e apreciação do câmbio, os preços de serviços seguem resilientes.