A prévia da inflação brasileira voltou a subir em setembro, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) avançando 0,48%, revertendo a queda de 0,14% registrada em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,32%, acima dos 4,95% observados anteriormente. O grupo Habitação foi o principal responsável pela alta do indicador, com avanço de 3,31% e impacto de 0,50 ponto percentual.
A principal pressão veio da energia elétrica residencial, que subiu 12,17% após a retirada do Bônus de Itaipu e a entrada da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adicionou R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
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Energia lidera pressão sobre o IPCA-15
Além de Habitação, outros quatro dos nove grupos de produtos e serviços tiveram alta: Vestuário (0,97%), Saúde e cuidados pessoais (0,36%), Despesas pessoais (0,20%) e Educação (0,03%).
Por outro lado, Alimentação e bebidas (-0,35%), Transportes (-0,25%), Artigos de residência (-0,16%) e Comunicação (-0,08%) registraram queda.
O grupo de alimentação teve a quarta queda consecutiva, influenciado por recuos em itens como tomate (-17,49%), cebola (-8,65%) e arroz (-2,91%). Já no setor de transportes, a deflação foi puxada principalmente pela redução no preço do seguro de veículos (-5,95%) e nas passagens aéreas (-2,61%).
Regionalmente, todas as 11 áreas pesquisadas registraram alta, com destaque para Recife (0,80%), onde a energia subiu 10,69%, e Goiânia (0,10%), que teve quedas na gasolina e no tomate.
Mercado projeta Selic alta por mais tempo
Para o mercado financeiro, o resultado de setembro confirma que a política monetária do Banco Central deverá permanecer restritiva por mais tempo.
“O IPCA-15 acelerou para 0,48%, como esperado, devido à retirada do bônus de Itaipu. Apesar disso, a inflação de serviços segue resiliente e sem sinais de acomodação”, avaliou Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg.
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Ele projeta que os cortes na taxa Selic devem começar apenas no primeiro trimestre de 2026.
A análise é compartilhada por Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, que vê como improvável um ciclo de cortes ainda este ano. “A melhora do cenário inflacionário deve se consolidar à frente, permitindo uma política monetária menos restritiva no próximo ano”, afirmou.
Segundo Igor Cadilhac, do PicPay, os núcleos de inflação vieram menos pressionados, o que favorece as projeções futuras. Mesmo assim, a instituição mantém a expectativa de início do ciclo de cortes em março de 2026.
Inflação de serviços preocupa o Banco Central
A inflação dos serviços intensivos em mão de obra — componente mais sensível ao mercado de trabalho — segue acima do desejado.
“Esse item subiu de 5,7% para 5,9% na média anualizada de três meses, o que é relevante para o Banco Central”, disse Alexandre Maluf, da XP. A instituição prevê que a Selic permanecerá em 15% por um período prolongado.
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Para Gustavo Sung, da Suno Research, três condições precisarão ser atendidas antes de qualquer flexibilização monetária: expectativas de inflação ancoradas, hiato do produto negativo e desaceleração consistente dos núcleos. “Parte desses elementos já começa a se desenhar, mas ainda não há espaço para cortes”, afirmou.
Apesar da desaceleração em alguns núcleos, a composição dos preços ainda preocupa. “As leituras mais recentes trazem um perfil menos favorável e indicam que o Banco Central deverá manter a cautela”, disse o economista Maykon Douglas.