O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer alta enquanto for necessário para garantir que a inflação siga para à meta de 3%.
Segundo ele, a autarquia não pode “se emocionar” com dados isolados. “Sempre, nesse começo de inflexão de economia, vão chegar dados mistos, e por isso é importante que o Banco Central siga sem querer reagir imediatamente a partir de um dado isolado”, disse Galípolo durante o Macro Vision 2025, promovido pelo Itaú BBA.
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Impacto da inflação de serviços e atividade econômica nos juros
Galípolo reforçou que a inflação de serviços continua elevada e incompatível com a meta. O mercado de trabalho, segundo ele, está resiliente e no nível mais forte da história do País.
Apesar disso, o presidente do BC destacou que o atual cenário confirma a expectativa de uma “desaceleração ordenada” da economia. “Esse é um cenário que vem subsidiando aquela visão esperada de uma suavização do ciclo econômico”, afirmou.
Juros altos por mais tempo
Galípolo disse que manter a Selic em 15% é um desafio maior do que a própria elevação. “Quando começamos a subir os juros, em dezembro do ano passado, mencionei que mais difícil do que elevar a Selic seria o período em que a taxa precisaria ficar parada até garantir a convergência”, afirmou.
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Ele reconheceu que os juros brasileiros são historicamente mais altos que os de outros países, mas ressaltou que não há solução única para essa questão. “Não existe bala de prata. É um tema que essa geração vai ter que tratar”, disse.
Galípolo garante que não há atalhos para inflação
O dirigente enfatizou que não há “atalho” para levar a inflação à meta. “Quando se pega o atalho, geralmente o caminho de volta fica mais longo e aumenta a distância para o objetivo”, afirmou.
Na avaliação de Galípolo, o desafio do Brasil é maior do que em outras economias, mas isso não pode ser usado como desculpa. “Esse panorama torna as decisões de política monetária mais difíceis, mas não pode ser uma muleta para o Banco Central”, disse.
Sobre a valorização recente do real, Galípolo explicou que o movimento está mais ligado ao ciclo de política monetária global e ao enfraquecimento do dólar do que a saídas de ativos americanos.
“O câmbio flutuante é a principal barreira de proteção da economia brasileira. O Banco Central atua apenas para garantir a funcionalidade do mercado”, afirmou.
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Impacto do tarifaço dos EUA
Galípolo comentou ainda as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo ele, o impacto já foi incorporado às projeções oficiais do BC e deve reduzir em torno de 0,1 ponto percentual o Produto Interno Bruto (PIB).
O presidente do BC destacou que o efeito, embora relativamente pequeno em termos agregados, exige atenção porque pode afetar setores específicos da economia.
“Esse impacto é estatisticamente pequeno, mas importante para algumas cadeias produtivas, principalmente as exportadoras. Por isso, mesmo que o efeito direto sobre o PIB seja limitado, o Banco Central acompanha de perto como isso pode se refletir em confiança, expectativas e decisões de investimento”, afirmou.